sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"Às vezes bons momentos eram tudo o que precisávamos"

Jeff Tweedy e Jay Bennetti eram dois baita filhos da puta. Nada traduziria melhor minha situação atual do que essa música!



segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Dez anos!

Lembro a reação negativa quando comentei que o ano terminaria, nos formaríamos e cada um seguiria o seu rumo. A reclamação foi tão forte que quase acreditei estar errado. Aquele ano e meio que convivi com eles perdurariam para sempre.
E agora, passados dez anos, me dou conta que realmente estava errado. Porque mesmo longe, mesmo sem contato direto, eu descobri que o que nos faz feliz não tem fim.

Legião Urbana - Marcianos Invadem a Terra

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Próverbios do Inferno - William Blake

"No tempo da semeadura, aprende; na colheita, ensina; no inverno, desfruta.

Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.

A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria.

A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência.

Quem deseja, mas não age, gera a pestilência.

O verme partido perdoa ao arado.

Mergulha no rio quem gosta de água.

O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.

Aquele, cujo rosto não se ilumina, jamais há de ser uma estrela.

A Eternidade anda apaixonada pelas produções do tempo.

A abelha atarefada não tem tempo para tristezas.

As horas de loucura são medidas pelo relógio; mas nenhum relógio mede as de sabedoria.

Os alimentos sadios não são apanhados com armadilhas ou redes.

Torna do número, do peso e da medida em ano de escassez.

Nenhum pássaro se eleva muito, se se eleva com as próprias asas.

Um cadáver não vinga as injúrias.

O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.

Se o louco persistisse em sua loucura, acabaria se tornando Sábio.

A loucura é o manto da velhacaria.

O manto do orgulho é a vergonha.

As Prisões se constróem com as pedras da Lei, os Bordéis, com os tijolos da Religião.

O orgulho do pavão é a glória de Deus.

A luxúria do bode é a glória de Deus.

A fúria do leão é a sabedoria de Deus.

A nudez da mulher é a obra de Deus.

O excesso de tristeza ri; o excesso de alegria chora.

O rugir de leões, o uivar dos lobos, o furor do mar tempestuoso e da espada destruidora são fragmentos de eternidade grandes demais para os olhos humanos.

A raposa condena a armadilha, não a si própria.

Os júbilos fecundam. As tristezas geram.

Que o homem use a pele do leão; a mulher a lã da ovelha.

O pássaro, um ninho; a aranha, uma teia; o homem, a amizade.

O sorridente tolo egoísta e o melancólico tolo carrancudo serão ambos julgados sábios para que sejam flagelos.

O que hoje se prova, outrora era apenas imaginado.

A ratazana, o camundongo, a raposa, o coelho olham as raízes; o leão, o tigre, o cavalo, o elefante olham os frutos.

A cisterna contém; a fonte derrama.

Um só pensamento preenche a imensidão.

Dizei sempre o que pensas, e o homem torpe te evitará.

Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade.

A águia nunca perdeu tanto o seu tempo como quando resolveu aprender com a gralha.

A raposa provê para si, mas Deus provê para o leão.

De manhã, pensa; ao meio-dia, age; no entardecer, come; de noite, dorme.

Quem permitiu que dele te aproveitasses, esse te conhece.

Assim como o arado vai atrás de palavras, assim Deus recompensa orações.

Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da educação.

Da água estagnada espera veneno.

Nunca se sabe o que é suficiente até que se saiba o que é mais que suficiente.

Ouve a reprovação do tolo! É um elogio soberano!

Os olhos, de fogo; as narinas, de ar; a boca, de água; a barba, de terra.

O fraco na coragem é forte na esperteza.

A macieira jamais pergunta à faia como crescer; nem o leão, ao cavalo, como apanhar sua presa.

Ao receber, o solo grato produz abundante colheita.

Se os outros não fossem tolos, nós teríamos que ser.

A essência do doce prazer jamais pode ser maculada.

Ao veres uma Águia, vês uma parcela da Genialidade. Levanta a cabeça!

Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para deitar seus ovos, assim o sacerdote lança sua maldição sobre as alegrias mais belas.

Criar uma florzinha é o labor de séculos.

A maldição aperta. A benção afrouxa.

O melhor vinho é o mais velho; a melhor água, a mais nova.

Orações não aram! Louvores não colhem! Júbilos não riem! Tristezas não choram!

A cabeça, o Sublime; o coração, o Sentimento; os genitais, a Beleza; as mãos e os pés, a Proporção.

Como o ar para o pássaro ou o mar para o peixe, assim é o desprezo para o desprezível.

A gralha gostaria que tudo fosse preto; a coruja, que tudo fosse branco.

A Exuberância é a Beleza.

Se o leão fosse aconselhado pela raposa, seria ardiloso.

O Progresso constrói estradas retas; mas as estradas tortuosas, sem o Progresso, são estradas da Genialidade.

Melhor matar uma criança no berço do que acalentar desejos insatisfeitos.

Onde o homem não está a natureza é estéril.

A verdade nunca pode ser dita de modo a ser compreendida sem ser acreditada.

É suficiente! ou Basta."

Boa literatura para alguém que sente apenas nojo!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Momento "Humbertão é foda"

Armas Químicas e Poemas


Vícios de Linguagem


Às Vezes Nunca


Simples de Coração


3 x 4


Piano Bar


Precisa explicar por que ele é foda?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Jornalismo e o resgate histórico

Minha primeira opção como profissão nunca foi o jornalismo. Talvez nem a segunda. Nem a terceira. Mas, por culpa daqueles caprichos do destino, ali caí. Mesmo assim, sempre soube porque estou neste caminho. Se perguntam, respondo de pronto: resgate histórico.

Jornalismo é, em essência, resgate histórico. Não exatamente como a história – essa sim, minha primeira escolha, se a tivesse – que recria o passado por meio de documentos históricos precisos e o reconta. Mas como 'arquivamento' do presente. É, normalmente, o jornalista quem marca na história os grandes acontecimentos. É ele que recria o presente e ajuda a decidir o que ficará para a história.

“Jornalismo é uma merda, é manipulação”, muitos disseram, dizem e dirão. É, realmente. Mas só se quisermos. A mídia de massa é realmente dúbia, mas existem outros caminhos, que mesmo se trilharmos sozinhos, valem a pena. Eles não nos levam à glória, à fortuna, ao estrelato. Mas nos trazem orgulho, prazer, satisfação pessoal. E o que é mais importante que isso para os que tem escrúpulos e espírito de fraternidade?

Resgate histórico. Essa é a expressão. Que passa – pelo âmbito profissional – pela apuração minuciosa dos acontecimentos, contextualização dos fatos e, principalmente, espírito de coletividade.

Aos que acham graça, pensam e (se) perguntam: “resgate histórico para quê?”, a resposta é: conhecer os erros do passado é a única forma de fazer com que eles não mais aconteçam.

Replicam: “isto não existe, eles sempre se repetem, mesmo com as pessoas tendo ciência”.

Então imagina se elas não conhecessem!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

(..)

O que vocês lerão a seguir pode assustar alguns (heheheh). Mas eu me apego muito às pessoas. Sim, é verdade. Por traz da postura meio arrogante e das piadinhas constrangedoras e sem noção ainda bate um coraçãozinho. E lá estão todas as pessoas que foram e importantes na minha vida.

Foram, são e sempre serão, na verdade. Porque - e é nesse sentido que falo do meu apego - elas NUNCA deixarão de ser importantes. E os acontecimentos das vidas delas se refletem em mim.

Há cerca de três semanas a minha Neni contou sobre o desdobramento de um problema de saúde que ela vem lutando há anos. A situação havia evoluído e ela teria que fazer alguns exames para saber o quão grave estava. Mas nossas conversas incluíam piadinhas sobre a possibilidade de ser REALMENTE GRAVE, bem naquele estilo de 'brincadeira em que se diz a verdade'.

Mesmo sem vê-la há anos, também, fiquei assustado e meus pensamentos eram dela várias vezes por dia. Confesso que, como um bom chato, enchi o saco dela para saber o que exatamente estava acontecendo. Mas tive que ficar na ansiedade.

Hoje, me chamou no msn (ah, o mundo virtual. o que seria de mim sem ele?). Está com alguns problemas, sim. Não me falou a gravidade deles. Mas, em princípio, não é nada tão grave como se imaginava.

Sinceramente? O coraçãozinho ficou quilos mais leve. E essa notícia, por mais que não seja uma "ótima" notícia, iluminou meu dia.

Desejo-te sorte, Neni. E que saibas que, mesmo com toda a distância, estarei sempre "perto".

Afinal, como dizíamos: porque é mais de amar, meixmo!

domingo, 25 de outubro de 2009

Damask

Meu gosto pela (boa) culinária é conhecido mundialmente por todo o andar do meu prédio. Ao viajar a lugares desconhecidos, minha primeira preocupação é descobrir os restaurantes típicos, as lancherias tradicionais (ta bom, isso vem depois de descobrir os botecos que vendem cerveja barata). Mas em Porto Alegre também procuro vasculhar os pontos gastronômicos. E minha mais grata surpresa foi um restaurante árabe que conheci no início do ano: o Damask.
Localizado na rua Sofia Velloso, 61, próximo à efervescência dos bares da Cidade Baixa, o local, além de ser agradável e de ter um ótimo atendimento, deve ter a melhor relação custo-benefício da Capital.
Um falafel delicioso e um kibe cru que dá de 10 em vários restaurantes que se dizem árabes. Além disso, os preços são extremamente acessíveis. Uma janta composta por um prato mix (que inclui uma seleção de pastas, shawerma, falafe e outras delícias) mais um kibe cru, que satisfaz duas pessoas tranquilamente e, deve sair em torno de R$ 30. Mais barato que comer dois xis no Cavanha's.

Nota: agendar uma visita em breve.

sábado, 17 de outubro de 2009

A fábula dos cotovelos

Uma das bibliografias do meu trabalho de conclusão de curso é o livro Jornalismo Literário, do jornalista (dã) Felipe Pena. Pena abre o primeiro capítulo com um texto que ele chama de fábula dos cotovelos, uma história que, embora envolva o céu, o inferno, o diabo e São Pedro, nos traz uma moral muito humana esquecida: a convivência é uma via de mão dupla. Esse textinho resume muito meus princípios e ideais (sim, sou um bobo inocente que acredita que não temos nada a ganhar quando estamos sozinhos e, também, alguém que fica muito puto quando vê alguma injustiça - ou quando se sente injustiçado). Acho que vale a pena a leitura:

Um sujeito magro, quase careca, daqueles de poucos fios ao lado da cabeça, com uma barriga saliente e o pensamento no umbigo do mundo, tira a carteira do bolso e se identifica para o despachante.

- Sou jornalista - diz

- Jornalista, é?

- É jornalista!

- E porque o jornalista precisa de um despachante?

- Quero fazer uma reportagem comparativa e preciso entrar em dois lugares muito diferentes. Você pode me ajudar?

O despachante analisa a face amarela do homem à sua frente. Fixa os olhos na testa longa, umedecida, revelando a oleosidade da pele fina. Tenta adivinhar seus pensamentos, mas esbarra na concentração tibetana do jornalista, que devolve o olhar fixo com uma intensidade ainda maior, quase fulminante, reservada apenas aqueles que acreditam ter uma missão a cumprir.

- E a que lugares o amigo deseja ir?

- Ao céu e ao inferno - respondeu o repórter.

- Hum! Não é tão difícil. As estradas parecem opostas, mas são paralelas.

Da gaveta da escrivaninha, o despachante puxa uma lista de formulários já carimbados e entrega-os ao repórter. Após o preenchimento, assina dois passes quase idênticos, grampeia os canhotos das fichas e coloca-os em plásticos transparentes.

- Aqui estão os passes. São válidos para uma única entrada em cada local. Você sabe a quem procurar?

- Sei - respondeu o jornalista.

- Então, boa sorte.

Com os documentos no bolso, o jornalista encaminha-se para o inferno. É recebido pelo Demônio em pessoa no portal de fogo que dá acesso ao local. Passa por um corredor estreito, vira à direita em uma pequena ante-sala e logo se depara com o salão principal, de tamanho infinito, onde estão milhões de pessoas.

Ao analisar os habitantes daquele antro, repara na felicidade geral. Todos estão cantando, dançando e rindo à toa. Parecem gozar de boa saúde, não tem aborrecimentos, passam o dia em festas, não há ofensas, doenças, humilhações, inveja ou qualquer outro tipo de mazela. A paisagem é paradisíaca. Árvores frutíferas, cachoeiras, rios de água transparente, longos vales e montanhas. Um lugar fantástico, pensa, não fosse por um único detalhe: depois de um certo tempo, todos acabam morrendo de fome, já que os moradores do inferno têm os cotovelos invertidos e não podem levar comida até a boca.

Sem conseguir tirar aquela imagem da cabeça, retira-se pela mesma porta por onde entrara.

Intrigado e perplexo, segue viagem rumo ao céu, a segunda metade do itinerário de sua reportagem, imaginando a frustração que deve ser morrer de fome em um lugar tão bonito como o inferno. Tudo culpa dos cotovelos invertidos. Quando chega ao destino, passa pelo mesmo ritual. Entrega os documentos a São Pedro, que o conduz a um grande portão de nuvens. Passa por um corredor estreito, vira à direita numa ante-sala e, novamente, depara-se com um salão infinito. Lá dentro, a surpresa: estava diante das mesmas pessoas, das mesmas paisagens, da mesma felicidade.

No céu, assim como no inferno, todos riam, tinham saúde e também passavam o dia em Festas. Da mesma forma, ali estavam as árvores frutíferas, os rios, os vales e as montanhas, como se fossem cópias do que vira na primeira parte de sua viagem. Passou, então, a observar os habitantes do céu e logo percebeu que eles também tinham os cotovelos invertidos. Pensou:

- Aqui, eles também devem morrer de fome depois de um tempo.

Estava errado. No céu, ninguém morre de fome, porque cada um leva a comida à boca do próximo na hora das refeições. E essa é a única coisa que o diferencia do inferno.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre Montevideo

Estou devendo a mim mesmo um texto sobre a viagem a Montevideo. Talvez demore um pouco. Voltar a rotina diária depois deste feriado foi praticamente um choque cultural. Não que a cidade ou os costumes sejam tão diferenciados (bem pelo contrário), mas toda o clima do final de semana me deixou fora de órbita. Mas logo ele vem (e, muito provavelmente será LOOOONGO).

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

As Olimpíadas de 2016

Torci, torci sim pelas olimpíadas no Rio. Como brasileiro tenho essa obrigação. Um evento desse porte tem tudo para impulsionar os investimentos em infra estrutura a níveis nunca vistos. Nenhum país se desenvolveu sem a criação de uma mentalidade de fiscalização. E o Extra foi o primeiro jornal tentar plantar esse embrião. Na capa abaixo, o jornal faz uma crítica bem humorada e real da situação do Rio (e de um monte de cidades do país), que precisa de mudanças estruturais e, principalmente, culturais drásticas. E isso não é para receber um grande evento, mas para que o caos não tome conta.
É por isso que o Brasil PRECISA de uma olimpíada!

domingo, 4 de outubro de 2009

La Negra

Sempre considerei minha avó como uma pessoa desligada da política. Claro, no sentido partidário. Mas ela sempre tentou fazer com que eu assimilasse alguns valores que, segundo ela, seriam indispenáveis para que uma criança se torne uma 'boa pessoa' (seja lá o que a expressão 'boa pessoa' queira dizer). Puritana e católica, volta e meia me passava algum sermão: quando encontrava minhas revistas e meus filmes pornográficas ou algum livro que ela achava que "não é para a tua idade". E, fazendo isso, jogava o material IMPRÓPRIO no lixo.

É claro que essa reação não era pessoal e não era apenas eu quem perdia os bens para a lixeira. Meu tio, filho mais novo dela, também passava por esse tipo de situação. E, como ele tinha coisas que eu não podia ter - por diversas razões, incluindo o fato de eu não ter dinheiro pra comprar - me acostumei a esconder-me perto da lixeira para resgatar os bens dele.

Normalmente eram coisas tão ou mais sem graça que as minhas: revistas e filmes de putaria, cigarros, camisinhas - que serviam para eu conseguir alguma vantagem com meu tio para devolvê-las.

Um dia, no entanto, eu vi uma coisa diferente. Quer dizer, já tinha visto centenas de objetos como aquele. Um compacto de vinil. E minha cabecinha pré-adolescente ficou encanadíssima com aquilo. O que diabos um vinil estaria fazendo no lixo? Aquilo PRECISAVA ser averiguado.

Naquela época eu não entendia nada sobre música de protesto, muito menos tinha noção de que as artes da política podem ser coisas tão relacionadas e íntimas (se eu tivesse 13 anos hoje, acho que minha verdade pré-adolescente não estaria muito longe da verdade). Foi assim que eu surrupiei aquele disquinho, tentando imaginar como faria para ouví-lo sem que ninguém percebesse.

Felizmente, eu tinha um walkman, um 3 em um e uma (rara) boa idéia. Tirei o volume do som, coloquei o disco para tocar, gravei em uma fita cassete e devolvi o disco ao lixo (infelizmente, às vezes temos que fazer alguns sacrifícios). Não podia deixar pistas, afinal, um disco era apenas um DISCO: tocava histórias infantis, músicas para crianças, hits pops e hinos de natal (tudo muito bonito, tudo muito cristão). Se aquele antro, que era destino de todas as coisas não-cristãs do mundo, havia recebido aquele objeto, era porque havia alguma coisa 'dentro' de um vinil que eu ainda não conhecia.

Inventei uma desculpa qualquer e saí de casa para um passeio. Fui a um parque perto de casa e coloquei a fita para rodar. Lembro como se fosse hoje a sensação que tive quando ouvi a voz dela pela primeira vez. Era católico praticante na época. E lembrei de quando o pessoal do grupo em que frequentava falava sobre como os grandes profetas haviam iniciado sua jornada de pregação por meio da revelação (que na doutrina católica tem um nome específico, mas que não lembro agora o nome). Naquela hora tive a MINHA revelação. Ela era tão confusa como seria uma enviada por um arcanjo de deus, mas eu percebi uma coisa que até hoje não sei exatamento como o fiz: uma mulher com aquela voz devia incomar MUITA GENTE.

Um engraçadinho qualquer pode interpretar de forma errada, então vou tentar explicar melhor: quando eu ouvi aquela fita e senti aquela voz ao mesmo tempo forte e serena, desafiadora e acolhedora, eu tive certeza que ali havia um discurso em defesa de alguém ou de alguma coisa que estava sendo subjugada. E, principalmente, sabia que o que era cantado não seria do agrado de um grupo que mandava em alguém ou em alguma coisa.

Na época eu tinha apenas 13 anos e não entendi quase nada do que aquilo quis dizer. Mas a situação foi o embrião para o surgimento de uma rebeldia sem a qual acho que teria me tornado uma pessoa bitolada e sem nenhum senso crítico (dominado por uma filosofia judaico-cristã podadora). E a culpada disso tudo é essa senhora:

Mercedes Sosa, La Negra Sosa, era a cantora em questão. Forte defensora dos direitos humanos na época das ditaduras na América Latina, defensora dos que não tinham voz, mulher firme que mesmo diante de todas as adversidades, não fugia de sua luta. Foi ela, ha mais de 10 anos, quem me abriu os olhos para um mundo novo, onde a busca por justiça social e igualdade de direitos deveria ser prioridade. Onde quem tem voz deve falar pelos que não tem.

A ida dela deixa um vazio muito grande - podemos contar nos dedos os grandes nomes das artes no dias de hoje - mas nos remete a um momento de reflexão sobre a nossa função no mundo. Para mim, pelo menos, é momento de rever atitudes, objetivos. Talvez, esteja me perdendo do caminho que decidi trilhar ao escolher o jornalismo, por exemplo.

É hora de repensar minha vida e tomar um rumo!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

As coisas não podem ser mais fáceis?

A cada dia, parece mais difícil te esquecer. Teu cheiro parece ter impregnado meus lençóis. Cada música em espanhol que escuto lembra algum momento de nossa história. Em tudo o que eu faço, que eu vejo, que eu escuto, que eu toco, que eu lembro, me dá um vazio, como se não fosse completo sem a tua presença.
Quando eu olho para algo e vejo a visão ficar mais turva, recordo de quando tu me disse que estaria do meu lado. Não cobro nada. Só queria que fosse mais fácil!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu sei que vou te amar

No dia em que descobrir porque estou postando este vídeo, eu explico. Mas hoje eu acordei com essa música "desesperadamente" na cabeça. Versão cantada pelo eterno maestro (e mestre) Antônio Carlos Jobim.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

De todas as merdas...

a pior de todas é ter que viver em um mundo hipócrita e politicamente correto. Acho que, na real, é como ser fofoqueiro: tudo falta do que fazer!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lembranças II

Em alguns momentos ele para um pouco. Então elas chegam e parecem inundar todas as partes da sua mente.
Recorda todas as pequenas coisas que fizeram juntos. E todas as grandes coisas que não fizeram. Dos almoços e jantares, dos finais de semana trancados em casa, dos passeios pelos parques e pelas cidades do interior.
Lembra da chaleira chiando pela manhã, enquanto deixava tocando a música que ela gostava. Das noites de bebedeira e de sexo e do gemido alto que tanto lhe dava prazer.
Lhe vem à memória os filmes que ela tanto insistia para ver. O abraço que ele sempre gostava de dar nela enquanto ela lavava a louça. As discussões bobas e as brigas pesadas.
Relembra-se das primeiras vez em que se viram, dos planos, dos abusos.
Mas aí ele se da conta que a vida segue adiante. E seus pensamentos voltam para o real!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A importância do ENADE?

Ainda não tenho a resposta. Mas descobri que as universidades - pelo menos a Unisinos - estão extremamente preocupadas com o conceito que podem obter na prova. Prova disso é que a coordenação do Curso de Ciências da Comunicação ofereceu um curso gratuito, valendo 45 horas complementares para os alunos que estão obrigados a prestar o teste este ano.

Como já dizia minha avó, há malas que vem pelo trem. A avaliação do ENADE me soava como uma enorme sacanagem, se tornou algo extremamente vantajoso, que uniu ampliação e retomada do conhecimento com objetivos institucionais.
:D

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Contradição

Enquanto os outros tentavam agir para parecerem únicos e diferentes, ele sonhava em algum dia conseguir se sentir igual aos outros!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

E lá vem a Roda Viva

Sexta-feira, 18 de setembro, no Espaço Bellas Artes (Av. Independência, 1213 - São Leopoldo). Nos vemos por lá.

;D

sábado, 5 de setembro de 2009

The Cribs - Ignore the Ignorant

The Cribs, uma das bandas mais divertidas dos últimos anos chega com seu quarto álbum - Ignore the Ignorant - , mostrando que tem realmente algo a dizer. O disco é, sem dúvida, o melhor do grumpo e parece que a "culpa" é do Johnny Marr. Na seqüencia eu falo mais sobre o som (ou não). Por enquanto, escutem. Agora tenho toda uma noite de sábado pela frente.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O retrato

Ele gostaria de dizer que sente muito por tudo. Que queria ter conseguido amá-la como ela o amou. Respeitá-la como ela o respeitou. Que sabe que o sobrenome dela seria o melhor para os filhos dele. Que deveria ser menos egoísta. Que ele ainda guarda o retrato deles porque ela foi e sempre será muito especial. Que ele sonha com ela todas as noites. Com todos os aniversários, natais e viradas de ano que passariam juntos. Com os cigarros queimados durante as conversas em que mais pareciam duas criancinhas. Que apesar dos anos que os separam - e, principalmente, apesar de não parecer - ele sempre respeitou as opiniões e as idéias dela. Que, se ele a procurou, depois de todo o sofrimento que causou, foi porque realmente gostava da companhia dela, de estar perto dela.

Mas ele sabia que falar tudo aquilo não mudaria nada. Ele continuaria desrespeitoso e não conseguiria amá-la como ela merecia. Não poderia viver tantos momentos quanto deveria. E, por isso, preferiu trilhar seu caminho sem ela. Deixar para trás tudo o que passou e seguir em frente. No caminho, encontrou ajuda para que tudo não fosse tão difícil e, como diria Roland de Gilead, seguiu adiante.

Apesar de tudo, ele não pode guardar aquele retrato. Porque aquela é a representação do tempo em que a tranquilidade e a alegria dominavam o dia-a-dia dele. Aquele retrato o faz lembrar de alguns dos melhores dias de sua vida. Que o faz lembrar que a felicidade realmente existe.
Assim, ele continua sem olhar para trás. Mas mantém sempre a sua frente - e a frente de todo mundo - o retrato. E, por mais que talvez olhar para aquele retrato seja errado, ele vai continuar olhando. Não importa o que aconteça. Não importa o que se faça!

domingo, 30 de agosto de 2009

Dia dos Amantes!

Don't stop laugh and scream!
And have the neighbors call the cops!



Ao dia em que acreditei que tudo poderia ser diferente. E certo!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vale a pena!

E pela primeira vez, depois de quase três mesese, ele percebeu. Era alguma coisa naquele sorriso. Ou talvez os olhos brilhando. Ou o estranho interesse por assuntos que aparentemente não tinham nenhuma relação com o cotidiano dela. Ou todas as coisas juntas.

Naquele dia se deu conta que tudo recomeçava. E que mais uma vez a montanha russa estaria pronta para o passeio de subidas, descidas e, por que não, momentos em que tudo pareceria estar de cabeça para baixo.

Então ele teve consciência que por mais repetitiva que fosse aquela sensação, ela sempre seria surpreendente. E ele não tinha a menor chance e lutar contra.

A percepção de mais um ponto fraco não o abalou. Sabia que valia a pena. Por aquele sorriso, pelos olhos vivos, pela conversa jogada fora. E, mesmo sem saber o que tudo aquilo significava, sabia que estava disposto. Afinal de contas sempre vale a pena!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um grande mal estar

Em lugar como o que vivemos hoje, é muito fácil perdermos nossa humanidade, nossa empatia. Me tornar uma pessoa desprovida de sentimentos nunca esteve nos meus planos. Principalmente porque eu já me considero alguém um tanto frio. E, neste sentido, sempre trabalhei formas de tentar ser alguém que se preocupa com os outros. E tinha uma certeza firme que estava, aos trancos e barrancos, mantendo-me no caminho certo. Até ontem a noite, quando percebi que estava redondamente errado.

Parado em uma das inúmeras ruas boêmias de Porto Alegre, vejo um mendigo. Um gurizão que não deveria ter mais de 20 anos. Pedia dinheiro às pessoas na rua. Parou do meu lado e disse algo como:

- Sr., tenho vinte centavos. O Sr. não me consegue mais noventa centavos pra eu comprar uma bolacha?

Meus últimos quatro reais estavam no bolso das calças junto a duas moedas de dez centavos. Chegou a me passar pela cabeça que o rapaz realmente queria a bolacha. Mas esse pensamento logo foi soterrado por um simples e contundente 'nah'.

E, pensando que com aquela grana eu poderia comprar uma cerveja ou um cigarro, preferi repassar os vinte centavos a ele, para que ele comprasse as 'bolachas' (que para mim poderia ser um tiro de trago, alguns cigarros avulsos ou um engorde pra uma pedrinha, menos bolachas).

Sentia-me com o dever cumprido. Sei como é não ter dinheiro para uma cerveja, para um cigarro e sempre procuro contribuir com alguma coisa. Segui meu caminho, crente de que dentro de mim batia um coração cheio de amor (hahahahahahaa). Até esta manhã.

No caminho até meu trabalho passo por um rapaz deitado sobre um pedaço de papelão, em uma rua próxima a que havia ocorrido a situação anterior. Estava longe demais para conseguir distinguir. Como o local onde ele estava deitado fazia parte do meu caminho, passei ao lado dele. Olhei para baixo e vi o mesmo rapaz que havia me pedido os noventa centavos. Estava dormindo e, ao lado dele havia uma pequena pilha de biscoitos.

A única coisa que consigo pensar, depois que vi aquilo, é que talvez não tenha forma de não nos tornarmos (pelo menos eu) pessoas frias e desumanizadas. Talvez estejamos realmente fadados a vivermos em um mundo onde a indiferença e a frieza governam tudo. Onde a preocupação com o outro, com o mais fraco, inexiste. Onde as únicas coisas que valem são o dinheiro, o poder a o egoísmo.

Ainda há a esperança de que isso seja algo que acontece somente com algumas pessoas - e aí terei que me incluir entre elas. Soa amargo e decepcionante. Mais é mais fácil de suportar. Afinal, como nossos filhos viverão em um mundo que realmente está perdendo valores básicos de convivência e sentimentos que sempre foram inerentes a nossa espécie?

domingo, 16 de agosto de 2009

O fim dos tempos

Por mais loucuras que eu faça, sou, em essência, um conservador. Pelo menos para os tempos atuais. E, a cada dia que passa, dou mais razão a expressões usadas por meus avós e bizavós como "esse mundo está perdido", "é o fim dos tempos", entre outras. Em outro momento, com mais tempo, falo mais detalhadamente sobre este sentimento. Mas acho que é só olharmos em volta e ver os absurdos que acontecem para percebemos como a coisa se perdeu de vez. E acho que, INFELIZMENTE, não há mais volta. É O FIM DOS TEMPOS!!!!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Erga-te"

Dei uma reativada no blog de música com um post sobre o documentário "Erga-te, Graforréia Xilarmônica", dirigido por Felipe Ferreira. Se alguém estiver interessado, é só clicar aqui.

Erga-te, Graforréia Xilarmônica ( este blog também)

A década de 1980 foi o auge da efervescência criativa do rock no Rio Grande do Sul. Se por um lado chegava o cabeçudo onipresente Humberto Gessinger com seu Engenheiros do Hawaii e o então quase politizado Nenhum de Nós (que depois chutou o balde e demonstrou, com toda a sinceridade, que o negócio da banda era fazer música pra tocar em rádio "jovem") no outro lado do campinho tinha uma galera que percebeu que o rock estava a serviço do escracho, da avacalhação e da rebeldia sem causa. E foi desse bando de guris com seus vinte e poucos anos que o Estado pariu os grupos mais relevantes do gênero. Cascavelletes, Replicantes, Garotos da Rua, TNT monstravam, de diversas formas, que o que valia mesmo era a curtição.

No meio disso tudo - o intelectualismo gessingeriano e a chacota de Flávio Basso - aparecia aquela que, talvez tenha sido a banda mais IMPORTANTE da história do rock gaúcho: a Graforréia Xilarmônica. Como um pequeno Frankenstein, o grupo se apoderou de tudo o que circulava na música por aqueles tempos, pegou mais um pouquinho da Jovem Guarda. Lapidou tudo aquilo e deu ao mundo músicas que aliam elementos tão inesperados e extremos que resultados que, justamente por sua estranheza, beiravam a perfeição.

O grupo, que começou como um quarteto mas teve sua formação clássica como um trio, terminou em 2000 e, na época, deixou só dois discos de estúdio e algumas demos. Mas voltou a ativa em 2007 como um dos pouquíssimos retornos que soaram sinceros.

Há um tempinho, fuçando na internet, encontrei o documentário "Erga-te, Graforréia Xilarmônica" (dirigido por Felipe Ferreira postado no YouTube, contando a história da banda, que é tão surpreendente quanto as músicas. Então, depois de um tempo inativo, decidi dar uma remexida por aqui e postar o documentário. São sete partes que, entre depoimentos, apresentações ao vivo e loucuragenss, valem cada segundo. Pela diversão e também pelo conteúdo.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Ah, queria agradecer à moça que elogiou o blog no último post. Foi o primeiro elogio e renovou minha vonta de brincar por aqui. É sempre bom saber que o que a gente faz agrada às outras pessoas (por mais que eu finja qque não me importo). Valeu mesmo!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Considerações sobre o ABSURDO projeto que restringe o horário dos supermercados em Novo Hamburgo

Em um episódio que demonstra o senso interiorano de Novo Hamburgo, a Câmara de Vereadores votou ontem projeto de lei que limita o horário de funcionamento dos supermercados, hipermercados e atacados. Se aprovado, estes estabelecimentos terão que fechar às 20h (de segunda a sábad) e ao meio-dia, aos domingos. A votação, em primeiro turno, ocorreu ontem a noite, em sessão tumultuada e a medida foi aprovada. O tema entra em pauta novamente amanhã. Não costumo usar meu tempo para escrever para políticos, mas está é uma situação absurda usei parte do meu dia para redigir um e-mail que enviei a pouco aos vereadores. Escrever essas coisas enquanto se trabalha é quase suicídio, então o texto ficou meia-boca. Enfim, segue, abaixo, a íntegra:
Srs. Vereadores:

Como cidadão hamburguense - em dia com meus impostos, taxas e contribuições para com o erário - e ainda crente na importância do Poder Legislativo para o bom andamento de uma democracia, não posso deixar de me posicionar contra o projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Vereadores de nossa cidade que altera (e restringe) o horário de funcionamento dos supermercados, hipermercados e atacados.

Tenho ciência que a segurança pública é um problema de imensas proporções em nossa cidade e que precisa ser combatida. Também sei da importância dos pequenos estabelecimentos comerciais (muitas vezes familiares) e as dificuldades que estes passam em razão da concorrência das grandes empresas. Esta medida em votação, no entanto, não resolvem nenhum dos dois problemas e, além disso, ainda trazem mais dificuldades para o dia-a-dia da população. Seguem, abaixo, algumas considerações que justificam minha posição:

1 - Muitos moradores de Novo Hamburgo necessitam se deslocar para outras cidades por questões relacionadas a trabalho. Boa parte deles - incluindo eu - só retornam a nossa cidade à noite, muitas vezes após às 20h. No meu caso, costumo me deslocar para Porto Alegrer às 7h e estar de volta somente por volta da 19h30min, na melhor das hipóteses. Não tendo condições de adiquirir um veículo, utilizo-me do transporte público, o que dificulta ainda mais meu deslocamento. Se este projeto for aprovado eu e milhares de outros hamburguenses teremos grandes dificuldades para irmos ao supermercado. Não vou nem citar a situação daqueles que, além de trabalhar em turno integral, precisam estudar a noite.
Mas não são apenas aqueles que precisam locomover-se para outras cidades que serão prejudicados. Muitos dos moradores de Novo Hamburgo têm compromissos (trabalho, estudos, problemas de saúde) que lhes tomam o dia inteiro. O período da noite costuma ser o ideal para abastecer seus lares. Prova disso é a imensa quantidade de pessoas que frequentam mercados entre 19h e 22h (horário de fechamento dos estabelecimentos atualmente).

2 - A redução do horário de funcionamento dos supermercados, hipermercados, atacados e estabelecimentos do gênero irá, com certeza, trazer desemprego para nossa cidade. Novo Hamburgo já está sofrendo bastante com os efeitos da crise no setor calçadista e não precisa de mais ações para deixar as pessoas sem trabalho.

3 - A violência não irá diminuir com a alteração proposta pelo projeto. Os bandidos continuarão nas ruas, prontos para se aproveitarem dos cidadãos de bem. Podem não atacar os minimercado (pelo menos não com as portas abertas), mas terão outras oportunidades mil (furtar carros, assaltar motoristas e pedestres, só para citar casos mais comuns). A iniciativa pode, na verdade, contribuir para o aumento da violência, pois o desemprego tende a levar pessoas ao crime.

Acredito que realmente vivemos uma época em que devemos proteger os pequenos empreendedores - sejam eles do ramo do comércio, indústria ou prestação de serviços. Mas atitudes paliativas, como a que está em votação, só trazem prejuízo para a população, além de serem um retrocesso dentro de um sistema onde os cidadãos são obrigados a manter uma rotina diária com excessivos compromissos e precisam utilizar-se de horários alternativos para seus compromissos pessoais e familiares.

Devemos, sim, encontrar formas de incentivar nossos pequenos empresários, fazê-los prosperar e, principalmente, sentirem-se seguros em seus estabelecimentos. Desta forma, coloco-me a disposição de nossos legisladores para que possamos em conjunto - Poderes Legislativo e Executivo e sociedade - tomarmos ações que realmente contribuam para a prosperidade e o crescimento econômico sustentável de Novo Hamburgo

Certo que esta mensagem será analisada e confiante no trabalho de nosso Legislativo municipal, firmo-me,


Fagner Vinícius Monteiro Marques
Cidadão hamburguense

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Política

Ontem, conversava com um amigo via twitter - se é que é possível conversar em 140 caracteres - sobre a crise institucional no governo Yeda. Estávamos em lados diferentes. Ele, bradava aos quatro ventos a injustiça daquele episódio, afirmando confiança na idoneidade da governadora e argumentando que ela havia provado que não existiram os desvios do Detran e que a sua tão famosa casa fora comprada de forma lícita.

Eu, alegando que ela não havia provado nada, mas que agora teria a oportunidade de fazê-lo. Tentei minimizar ao mínimo o papo, primeiro, devido ao pouco espaço que o twitter nos reserva, depois porque já perdi amigos conversando sobre política, futebol, música ou religião (e por diversas outras razões, também. hehehe).

A conversa descambou para acusações que incluiam como o ministro da Justiça utilizou-se da Polícia Federal num jogo político com a única intenção de denegrir a imagem da governadora. Também sobrou espaço para comparações entre PT e PSDB e para a figura INATINGÍVEL do nosso coronel Sarney.

Em resposta, preferi apenas alertá-lo que comparações deste porte costumam levar a lugar algum. Que não devemos justificar o abrandamento de um crime (no caso, as acusações de desvio de mais de R$ 44 milhões por meio de operações irregulares do Detran, além da formação de Caixa 2 durante a campanha eleitoral) comparando-o a um BANDIDO QUE NÃO FOI CONDENADO (acho desnecessário gastar linhas e mais linhas listando todos os esquemas, maracutaias e falcatruas que o presidente do NOSSO Senado está envolvido, não é?).

Evitar acusações foi uma escolha que me fez lembrar alguns dos acontecimentos de oito ou nove anos atrás, quando ingressei no curso de Jornalismo.

Era um apaixonado por tudo aquilo. No dia em que consegui um estágio em um pequeno jornal do interior, transbordava de empolgação. Um mundo novo parecia se abrir diante de mim. Claro, com o tempo fui ver que tudo aquilo era ilusão de adolescente esquerdista. Mas uma coisa me marcou muito, muito fundo.

Não, não foi o primeiro acidente que eu tive que cobrir, quando vi corpos despedaçados e veículos amassados como se fossem de papel. Também não foi quando precisava fazer retratos de ladrões e assassinos e pensava se um dia algum deles me encontraria na rua e decidiria que tinha contas a acertar comigo. Menos ainda, no dia na minha primeira boca livre.


Nunca vou esquecer do dia em que meu chefe chegou para mim e disse: "Fagner, nossa cobertura de política tá uma merda. Preciso de alguém o tempo todo atrás de notícias. Sei que tu é bom e quero que passe o dia inteiro atrás dessa gente". Aquele elogio foi tão verdadeiro quanto uma esmeralda amarela, mas, mesmo assim, era, de alguma maneira, uma forma de demonstrar confiança. Mas também não foi isto que me marcou.

Foi minha entrada na editoria da política que vai ficar para sempre na minha memória. Mesmo em uma cidade minúscula, a a política é envolvente, instigante. Como uma mulher muito bonita, que nos deixa embasbacado e sem saber como agir. E, por isso mesmo, deve-se ter MUITO CUIDADO com ela. Aprendi, ali, a ter os dois pés atrás, a não me envolver demais, a ter muit cautela porque aquela beleza, aquela sensualidade, não passa de uma imensa armadilha pronta para te pegar no primeiro deslize. Esses poucos meses que passei fazendo jornalismo político (depois troquei tudo pela burocracia de meu emprego atual) serviram como experiência de crescimento.

Hoje, penso muito bem antes de atacar, quando o assunto é política. Mas, PRINCIPALMENTE, não coloco minha mão no fogo por NINGUÉM nessa área.

Então, tudo o que quero é que a história da Yeda seja resolvida e, se for o caso, ela seja exemplarmente punida. Mas, por enquanto, prefiro apenas acompanhar os fatos e ir assimilando o que é jogo do que é real - embora muitas vezes as duas coisas se confundam e pareçam ser uma só.

Claro, tenho MINHAS conclusões momentâneas. Mas, por enquanto, elas ficam guardadas.

P.s.: Sim, eu confesso que estou - pelo menos publicamente - em cima do muro. Talvez seja até mesmo meio INOCENTE. Mas de brados e acusações o Estado e o país estão cheios. Prefiro aguardar, neste caso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

K&K

Claro que, quando comparados ao irmão Vitor, Kleiton e Kledir são meros coadjuvantes. Coadjuvantes BREGAS, diga-se. Mas, nessa cafonice quase nonsense deles, compuseram uma das músicas mais bonitas do cancioneiro de nosso Estado, quiçá do Brasil: Paixão.
É, talvez, uma das músicas mais lúdicas e eróticas que falem sobre química entre duas pessoas. Claro, para outras pessoas, podem existir outros mil significados. Mas para mim é química. E, hoje, eu vejo e sinto o que essa música como algo real.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A espera

Esperou meses para aquilo. Sabia que deveria ser feito e sabia dos riscos de tudo aquilo. Toda a confiança, até então inabalada, tinha grande chances de ruir. Mesmo assim, precisava fazer. Não conseguiria guardar algo que pesasse tanto. Afinal, havia se comprometido - com ela, mas, principalmente, consigo mesmo, a manter tudo às claras - acima de qualquer outra coisa.

A espera foi dura, amarga. Mas ele precisava aguardar. Precisava sentir que realmente poderia confiar nela. Que ela havia se envolvido. Não que isso fosse garantia de êxito, muito pelo contrário. Mas era pura e simplesmente necessário.

Esperou até a hora certa (se é que nessas situações existe hora certa) e abriu-se. Foi mais cruel do que o necessário, mais duro, mais enfático. Acabou, no meio de tudo, incluindo alguns detalhes que justificassem aquilo, naquele momento. Teve a reação esperada.

Obviamente, não desistiu. Continua tentando. Sua mãe - ah, aquela mulher que lhe daria uma bofetada para que aprendesse - lhe ensinou a não desistir. Não sabe se dará certo, mas sente-se tranquilo. Sabe da sua falha e sabe que aprendeu com ela. Foi outra lição que aprendeu: a gente sempre aprende com nossos erros.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cidadão Quem

As pessoas parecem não perceber, mas por trás dos óculos nerds, da barba de pseudo-intelectual, do all star, dos jeans, dos discos e dos filmes alternativos, existe um Fagner que gosta das coisas boas, simples, populares e - porque não dizer - bregas da vida. Um domingo na praia regado a cerveja em lata, uma comédia romântica debaixo dos cobertores com a namorada, uma noitada de pagode, um chimarrão bem quentinho numa manhã fria (ou quente, hehehe) são coisas que, embora em um primeiro momento não pareçam, combinam perfeitamente com minha pessoa.

Como o Cidadão Quem...

Conheci a banda há uns 12 anos, acho. Não sei exatamente o ano, só que ainda morava em Caxias (saí de lá em 1999). Por algum raio de motivo que ignoro, um CD deles apareceu nas minhas mãos: Spermatozoom. Meu primeiro pensamento foi "por que infernos alguém colocaria esse nome no disco?". Claro que ele foi para o limbo dos CDs.

Até o dia em que, escutando rádio, ouvi uma música cafoníssima que me agradou em cheio os ouvidos. Chamava-se "Dia Especial" e, tãdãn, advinha quem tocava? Então... catei o disco, coloquei-o no player e para surpresa, pelo menos meia dezenas de música eram bem legais. Bregas, mas legais! Instrumentos acústicos estavam sempre em primeiro plano. A voz era firme, mas suave. As letras tratavam de temas tão absurdamente corriqueiros e - mais uma vez - cafonas, que podiam ser ouvidas milhares e milhares de vezes sem enjoar. Falavam de amizade, de praia, de casais felizes e sorridentes, de todas aquelas coisas utópicas que só as letras de músicas são capazes de proporcionar.

Confesso que achei o nome do disco ainda mais estranho, mas desisti desencanar e me ater nas músicas. Passava por uma fase meio complicada: minha avó estava com câncer, tinha perspectiva de deixar a cidade de onde nasci e meter-me num lugar provinciano chamado Montenegro, enfim, aquela fase aborrecente que eu - graças a deus - ainda não saí. hahahahaha.

Cidadão Quem se tornou, então, um dos meus grupos gaúchos favoritos, ao lado da Graforréia, dos Engenheiros, do Nenhum de Nós (e mais tarde, da Superguidis, Tom Bloch e uma dúzia de bandas alternativas que dão a impressão que eu só curto o underground). O tempo passou e eu dificilmente paro para escutá-los, mas as vezes o disco volta para o player ou o YouTube dá uma mão em algum vídeo que me traz sensações nostálgicas.

Ao Fim de Tudo

Um dia

Dia Especial

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Boa notícia!

Já está rolando pela net a estréia solo de Paul Banks. Mesmo usando um pseudônimo de bixa - Julian Plenti -, o disco é muito massa. O mais interessante é que embora existam grandes semelhanças entre o trabalho da banda e o som solo do cara (a voz cavernosa, o clima sombrio, por exemplo), percebe-se claramente que o trabalho feito por Plenti não se encaixaria na banda de Banks.

Buenas, pra quem não sabe - e não reconhecer pela música -, Julian Plenti (e, principalmente, Paul Banks) é o cara que coloca a voz nas músicas do Interpol. Então, mesmo que não empolgue, é certeza de coisa boa!

Julien Plenti - Fun That We Have
Nem vou falar nada sobre esse visualzinho 'Plenti'. hahahahaha

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ceratocone


Sofro de um problema oftalmológico bastante incômodo: o ceratocone. Consiste, basicamente, no afinamento da região central da córnea, fazendo com que ela se deforme e ganhe um aspecto parecido com um cone. O problema, obviamente, afeta a visão em maior ou menor grau e, dependendo do avanço da doença (se é que pode-se usar este termo), existem formas de tratamento: desde a utilização de lentes de contato rígidas de gás-permeável até o transplante de córnea.

Minha história com o ceratocone começou pouco antes da metade de 2008. Sempre tive problemas com meus olhos. Coceira, crises de conjuntivite e inchaços sem causa aparente eram frequentes. Aquilo me incomodava, mas não tanto quanto no dia em que comecei a sentir minha visão meio turva. No começo pensei que era algum tipo mais grave de conjuntivite, cuja secreção embaçava minha visão. Uma consulta na emergência de uma clínica especializada e lá estava eu - mais uma vez - com uma carga de colírios. Que tanto efeito quanto usar sacos de areia para aterrar o mar.

Continuei minhas consultas naquela clínica, com a mesma oftalmo. Fiz exames de fundo de olho, exames de contraste para verificar alguma anormalidade em alguma região profunda dos meus globos oculares, exames que me deixavam com as vistas tão cansadas que era necessário levar alguém comigo nas visitas a hospitais e clínicas e ser trazido de volta como um legítimo cego. Mesmo assim, não desisti daquela médica.... até o dia em que ela sugeriu que meu problema era PSICOLÓGICO. Eu não tinha nem um problema na visão e ela disse que, inclusive, minha visão parecia menos 'borrada' do que na consulta anterior.

Era o momento de cair fora. Mas eu não sabia mais para onde correr. Havia passado por, pelo menos uma dezena de especialistas nos últimos anos e meus olhos iam de mal a pior. Lembrei de dois irmãos que possuem consultório no bairro Bela Vista, zona nobre de Porto Alegre. Dois tipos muito esquisitos com os quais minha mãe se consultou por um bom tempo e eu tivera uma breve passagem. Marquei a consulta esperançoso, mais uma vez.

Chegando lá, fui prontamente atendido. Algo que eu percebi, com o passar do tempo, era que eles nunca se atrasavam. O irmão que me consultou diagnosticou um quadro grave de conjuntivite que precisava ser tratado imediatamente. Antes, no entanto, escutei uma coisa que achei engraçada e me fez pensar que o médico não estava falando comigo: que cone, hein? E, depois, como se estivesse falando para si mesmo, completou: tu tens um ceratocone em estágio bem avançado no olho direito, querido.

Disse aquilo com tanta naturalidade como se imaginasse que eu tivesse a perfeita idéia de ter uma coisa daquelas. Obviamente eu, com um diagnóstico anterior de cegueira psicológica (ei, Saramago, olha eu), não tinha a mínima idéia de que diabo era aquilo. Mas, como estava em um consultório médico, imaginei que não era algo como um novo tipo de sorvete em forma de cone e perguntei O QUE ERA UM CERATOCONE?

Depois de toda a explicação que está no começo do post - com acréscimo de detalhes que explicavam que minha visão de assemelharia a de uma pessoa que possuísse alto grau de astigmatismo e que a doença poderia progredir - ele me explicou que antes de começarmos a trabalhar no ceratocone, deveríamos tratar da conjuntivite. Saí de lá com uma preocupação a mais - a porra do cone; um alívio - de ter descoberto a causa do problema; e uma receita com mais coisinhas para pingar no olho.

O tratamento da conjuntivite durou cerca de seis meses, ao invés dos 15 dias inicialmente previstos. A bactéria era tão resistente que foi necessário utilizar um medicamento que não recordo o nome mas que é um antibiótico de reserva. Isto quer dizer que se aquilo não matasse a bactéria, nada mais mataria e eu teria uma companheira me enchendo o saco para o resto da minha vida.

Feito isto, partimos para o ceratocone. Primeiro, um exame chamado topografia, que apresenta um 'mapa' do relevo da córnea (o resultado também aparece em forma de dados). No exame do olho direito, o equipamento não conseguiu criar o tal 'mapa' pois o cone tinha dimensões que extrapolavam a 'cartografia' do negócio. Na época, a topografia serviria para verificar o 'tamanho' do meu cone e para a confecção das lentes de contato que eu deveria usar.

As lentes prometiam ser a salvação. Mas quando foram parar nos meus olhos, vi que tudo não passava de propaganda enganosa. Dois pedaços de vidro côncavos enfiados dentro do teu olho. Claro que a visão melhorou consideravelmente. Mas não a ponto de me fazer acreditar que eu conseguiria ficar com elas por muito tempo. Nunca queiram saber a sensação de uma pessoa quando existe um pedaço de vidro tentando perfurar o globo ocular dela.

Mas esse era só UM dos problemas. A coceira era insuportável o que fazia com que muitas vezes eu tirasse as lentes do lugar - e deu sabe onde elas iam parar. O pânico quando se desloca uma delas vem de duas formas. Pela dor, quando a lente cai em algum lugar MAIS sensível do olho e tu não sabe se não é melhor arrancar o olho fora. Ou pelo pavor de ter perdido uma daquelas merdas - que são caríssimas. Porque quando elas param em algum lugar que não dói, a pessoa não sabe se elas AINDA estão no olho ou se decidiram 'pular'. A situação é um pouco mais deplorável quando isso acontece em lugares como ônibus, trens, lojas e outros locais públicos.

Mesmo assim, acho que o pior de tudo diz respeito às secreções. Indivíduos com ceratocone normalmente - não sempre - sofrem de problemas alérgicos. O meu quadro alérgico era grave, segundo o oftalmo. Eu tinha CONJUNTIVITE ALÉRGICA. Já não me bastavam TODAS as conjuntivites que já experimentei, Agora era a vez da alérgica. E alergias, não sei se vocês sabem, não têm cura.

Bem, as secreções. Como pequenos bichinhos com garras, elas se fixavam nas lentes, embaçando a visão como se alguém tivesse dado baforadas nela. Além disso, me deixavam com a sensação de ter um problema eterno de remelas. Ainda tem um outro sintoma, que é o pior. Mas é algo tão ruim que não sei explicar.

Comecei o tratamento e, é claro, não estou conseguindo segui-lo. As lentes passam mais tempo nos estojos do que nos olhos e, quando saem, voltam rapidinho para o esconderijo. Sei que não sou uma pessoa muito tolerante a dor. Mas, realmente, não rola de ficar com elas.

Agora, meu olho esquerdo, que foi presenteado com um cone em estágio inicial, começa a dar sinais de avanço. E, embora eu tente passar uma imagem de que estou indo muito bem, de que ficar cego aos 26 anos faz parte da vida, eu estou - há meses - desesperado. Quando escolhi minha profissão - de jornalista -, aos 17 anos, o fiz apenas pelo imenso prazer de ler e escrever. E estas não me parecem atividades praticadas por cegos (já tenho, inclusive, dificuldades em ler algumas coisas ou em escrever, em determinados momentos). A perda da visão também transforma a pessoa em alguém atrapalhado, o que, no meu caso, poderia me tornar num perigo indescritível para a sociedade.

Mas, enfim, ontem procurei um outro médico, para tentar uma segunda opinião. Recebia a notícia de que as lentes eram realmente o tratamento correto mas foi reconfortante saber que eu não sou a única pessoa que não conseguiu se adaptar. Passarei por novos exames para que se tenha noção exata do estágio do meu problema. Mas o oftalmo garantiu que o olho direito é de transplante.

Isso era o que eu queria ouvir há muito tempo. Transplantes de córnea são os mais simples que existem: a taxa de rejeição é muito baixa, a recuperação é fácil, não é necessária internação. Além disso, o tempo na fila de espera é relativamente curto, em torno de um ano e meio.

Depois desta boa notícia fico realmente pensando se tenho o direito de estar chateado. Em um ano e meio eu deveria estar me formando na faculdade e concretizando o projeto que eu estou há anos trabalhando para que se realize: sair de casa e viajar. Morar no exterior.

Mesmo assim, gostaria que as coisas fossem mais simples. Mas, enfim, Ces't la vie.

Isto é só um desabafo, já que é complicado conversar isto com outras pessoas. Não há necessidade de se preocupar. Ainda assim, me sinto melhor que boa parte das pessoas que eu conheço. hahahahahaha

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vincent - 1982

Um dos primeiros trabalhos de Tim Burton, a animação em stop-motion Vincent. Desde o começo da carreira, o cara já mostrava qual seria o perfil de suas obras.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

"ABRAM ALAS QUE MINHAS CRIANÇAS... TÊM AULA!"

Existem coisas que se não fossem trágicas seriam cômicas. E a Yeda deu provas, ontem, durante a manifestação dos professores em frente a sua casa, que não existem limites para o RIDÍCULO. De todos os momentos, fico com o mais DIVER: quando ela mostra um cartaz dizendo VOCÊS NÃO SÃO PROFESSORES. TORTURAM CRIANÇAS. ABRAM ALAS QUE MINHAS CRIANÇAS TÊM AULA!.

Eu JURO que me retorci de rir.

Quanto a parte sem graça - quando ela expôs netos ao ridículo e quase à humilhação pública - não vou me ater. Afinal, a filha também estava lá, o que prova que loucura é hereditária.

Também não vou, é claro, entrar em detalhes sobre quem estava certo ou errado. É um pouco envergonhante ver que as pessoas que deveriam cuidar da educação de crianças e jovens se prestam a atos sem sentido (uma manifestação deste porte no Piratini seria mais coerente, mesmo se levarmos em conta que a casa é parte de todo um esquema podre que está sendo investigado). Mas ver a governadora do Estado se prestar a esse fiasco é ABSURDO.

Pelo menos temos a desculpa de que ela é PAULISTA. hahahaaha

E, obviamente, não vou comentar NADA sobre o semblante zombeteiro e debochado da nossa ilustre governadora. NADA, MESMO!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Post de Twitter no blog

Só tenho uma coisa a dizer: ESTOU CANSADO!!!! Mentira, tenho outra. Tou me dobrando de rir com a Yeda, hoje. Agora fui!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Paradoxo (ou um texto que se perde no meio do caminho)

Embora eu passe por um dos momentos mais IMPRODUTIVOS da minha vida profissional, não me sinto preocupado com isso. É estranho, mas não é ruim. Como disse uma amiga esse final de semana, a vida é feita de fases. E a fase "vestir a camisa da empresa" acabou. Certamente um dia ela voltará, já passei por isso outras vezes. Mas tenho quase certeza que não mais será nessa empresa.
Ou talvez sim. Porque - apesar de todos os percalços, todos os entraves, todas as burocracias, todas as coisas que me desestimulam - quando penso nas pessoas que são próximas de mim no trabalho, que me dão apoio, que fazem com que tudo seja menos complicado, me reanimo e vejo que, pelo menos por esse ângulo, meu esforço vale a pena!
Por elas, só por elas! :D

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A primeira e última vez

Existe um fator decisivo para que eu continue morando em Novo Hamburgo: um projeto maior que começou a tomar forma este mês e deverá se concretizar até o final de 2010. Um projeto de vida, eu diria, que me mantém na decadente Capital Nacional do Calçado.

No meio disto tudo, deparo-me com a figura Eduardo Galeano – jornalista e escritor uruguaio que, por aquelas injustiças que só o destino explica, nunca teve seu trabalho devidamente reconhecido. (Re)ler a obra de um de meus literários favoritos não costuma me trazer grandes recordações. Mas minha história relativa ao Galeano está relacionada àqueles acontecimentos que, de tão surreais, parecem cotidianos.

Era novembro de 2008. Havia anos que não segurava na mão uma obra do uruguaio. E não tinha a mínima pretensão de que acontecesse naquele dia. Puxando um pouco mais pela memória, era terça-feira, 11 de novembro, e, depois de 25 anos de espera, finalmente pude presenciar uma apresentação ao vivo do R.E.M.

Aquela tarde/noite foi marcada por várias situações inusitadas: a espera de horas para ficar em um bom lugar; o fim da cerveja no meio do show; a loira desconhecida que dançava como se não houvesse amanhã, enquanto sussurrava em meu ouvido. Foram algumas das situações para as quais estava desacostumado. Mas a noite estava apenas começando.

Na saída do estádio do Zequinha inúmeros ambulantes vendiam cervejas, refrigerantes, águas minerais. Sedento, parei em uma e comprei uma daquelas latas de 500ml. Continuei o caminho, a procura de um táxi que me levasse até o Centro de Porto Alegre para a parte derradeira da aventura: a volta em ônibus pinga-pinga até minha tao mal falada e violenta terrinha. No meu trajeto, entretanto, tudo mudou.

Aos gritos 'skol um litro a cinco reais', um grupo chamou minha atenção. Eram dois casais que exibiam o mais perfeito estereótipo do estudante de História/Filosofia/Sociologia da UFRGS. Decidi arriscar, afinal, o assunto me interessava: cerveja. Parei ao lado deles e puxei papo quanto a venda da cerveja. Descobri que eles vendiam trufas, também. E que moram em Canoas.

Os casais não eram exatamente casais. Um de verdade: Rodrigo – ou Capitão, como também era chamado – exibia sua barba de, pelo menos dois meses, como um troféu. Junto dele, sua namorada, uma morena cujo nome não lembro. Cara de criança, sorriso inocente, mas com olhos que despontavam malícia e experiência. O outro par era formado por uma loira hippie que falava pelos cotovelos as coisas mais absurdas e geniais do mundo – e estava com a perna quebrada; e um rapaz que destoava do grupo e pouco se manifestou.

Enquanto terminava minha lata para começar a próxima rodada, conversávamos amenidades: sobre o show, sobre o fato de eles realmente serem estudantes da UFRGS – de História, no caso. Papo vai, papo vem, a cerveja acaba. Tento comprar uma deles, mas se negam a vender. Serei obrigado a tomar com eles, de graça. Certamente não fiquei decepcionado.

Falávamos sobre o show deu inveja de saber que ali, fora do estádio, economizando 80 reais, era possível assistir de um telão, bebendo muita cerveja. Inveja momentânea, claro. Foram os 80 reais mais bem investidos da minha vida.

Certa altura, a morena – figura pequena e graciosa, com lábios bem feitos e pernas invejáveis, cujo nome não me recordo mais – saca um livro da sua bolsa hippie. De canto de olho leio o título: Mulheres. Segue-se o diálogo:
- É Bukowski?
- Não, ainda é cedo para Bukowski. É Galeano.
- Que massa, não conhecia esse livro.
- É uma coletânea de textos em homenagem às mulheres.

Nesta hora, Rodrigo se aproxima:
- Podemos ler uma coisa para ti?
- Claro, seria ótimo.

A menina começa, voz doce, suave e sexual:

Maria Padilha
Ela é Exu e também uma de suas mulheres, espelho e amante: Maria Padilha, a mais puta das diabas com quem Exu gosta de revirar nas fogueiras.

Não é difícil reconhecê-la quando entra em algum corpo. Maria Padilha geme, uiva, insulta e ri com muito maus modos, e no fim do transe exige bebidas caras e cigarros importados. É preciso dar a ela tratamento de grande senhora e rogar-lhe muito para que se digne exercer sua reconhecida influência junto aos deuses e diabos que mandam mais.

Maria Padilha não entra em qualquer corpo. Ela escolhe, para manifestar-se neste mundo, as mulheres que nos subúrbios do Rio ganham a vida entregando-se a troco de tostões. Assim, as desprezadas se tornam dignas de devoção: a carne de aluguel sobe ao centro do altar. Brilha mais que todos os sóis o lixo da noite.



Fiquei sem palavras para descrever os sentimentos que me passavam pela cabeça e acabamos mudando de assunto e voltando à cerveja de litro até a hora de ir embora.

Trocamos telefones e nos despedimos como bons bebuns: marcando encontros para datas próximas.

Mas eu sabia que aquela era a primeira e a última vez que os viria. Porque às vezes, só às vezes, esta é a melhor forma de conhecer pessoas.

sábado, 4 de julho de 2009

"Tenías un vestido y un amor...

Y yo simplemente te vi."

Lembranças

Lembranças são pensamentos cruéis. Insistem em surgir nos momentos mais inconvenientes, trazendo com elas, as sensações menos confortáveis e mais nostálgicas possíveis. Mesmo assim, nos apegamos a elas como se fossem sopros de vida e luz. Só mais uma artimanha malígna das lembranças!

João Cabral de Melo Neto me traz um desses momentos. Por ele, conheci Cordel do Fogo Encantado e, por algum tempo me apaixonei. Paixão que se expandiu para muitas áreas, me fez rumar ao mais longínquo destino até hoje e me deu muitas coisas que hoje me são caras. Mas foi um fogo tão ardente quanto efêmero, que rápido se transformou em brasa. Mas que deixou muitas e muitas LEMBRANÇAS! Ah, as lembranças!

Dos três Mal-amados
Joaquim:

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

Versão reduzida, declamada por Lirinha:

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pablo Neruda

Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gay Talese

Embora não tão importante quanto Hunter S. Thompson na minha opção pelo jornalismo, Gay Talese foi uma das figuras que realmente influenciaram a decisão de seguir esta carreira (que, aos 26 anos, ainda nem começou).


Agora, Talese ganha um pouco mais de importância - juntamente com Thompson e outros nomes do Gonzo e New Journalism: será parte do meu trabalho de conclusão de curso, que começo a elaborar, oficialmente, hoje.

Me frustra, entretanto, saber que o cara acabou de chegar no Brasil para a Festa Literária Internacional de Paraty para falar, neste sábado, sobre "Fama e Anomimato". E eu NÃO PODEREI assistir.

Tenho desejo de participar de um Flip desde a primeira edição. Mas. questões financeiras e relativas a compromissos de trabalho (e aula) sempre impediram.

Infelizmente ainda não será neste ano.

Um adendo
Na verdade, lembrei do Flip porque encontrei casualmente uma matéria no site do Estadão falando sobre a chegada do Talese. Gostei da opinião dele quando perguntado sobre o fim da obrigatoriedade do jornalismo. A resposta veio precisa e coerente, como é de se esperar de um bom contador de histórias:

Eu não acho que escolas de jornalismo sejam necessariamente o melhor lugar para aprender jornalismo. Mas, por outro lado, boas escolas de jornalismo ensinam princípios que costumam ser ignorados com frequência. Como, por exemplo, equidade, precisão, objetividade e completude. E como pesquisar profundamente um assunto.

Uma diferença entre os jovens jornalistas de hoje e os colegas de minha geração é que nós fazíamos mais pesquisa, investíamos mais tempo, andávamos mais e não confiávamos muito no telefone. E, não se esqueça, o telefone era a tecnologia do momento quando eu era jovem, seguido mais tarde pelo gravador de fita. Eu nunca uso gravadores de fita. E não fazia entrevistas pelo telefone, pois queria ver, olho no olho, a pessoa com quem eu estava conversando. Eu queria estudar sua linguagem corporal e absorver a atmosfera do lugar onde a entrevista ocorria.

Pelas ruas

Carlos Chagas, Júlio de Castilhos, Chaves Barcelos, Voluntários da Pátria, Senhor dos Passos, Salgado Filho, João Pessoa, da República, Baronesa do Gravataí! Estas poucas ruas tem me trazido os momentos mais alegres deste início (agora meio, já) de semana.
O caminho da felicidadade é MAIS OU MENOS assim:
P.s.: o caminho é mais ou menos assim porque o Google Maps ainda não consegue prever que uma pessoa pode atravessar a rua em QUASE TODOS os lugares sem precisar fazer retornos absurdos. Mas, dá para ter uma idéia.
:D

segunda-feira, 29 de junho de 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Abrindo precedentes

Tentei me manter de fora da desregulamentação da profissão de jornalista. Meu dilema interno levou a este caminho. Mas a coisa está tomando proporções maiores: segundo o ministro do STF, Gilmar Mendes, pode haver a desobrigatoriedade do diploma para o exercício de outras profissões. A notícia está na imprensa e é tema do programa Polêmica, da Rádio Gaúcha, que começou agora a pouco.

Enfim, ao meu ver, como já estava sendo comentado, a desregulamentação do jornalismo é apenas um precedente aberto para a realização de um mal ainda maior à sociedade.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Riso e Melancolia em Porto Alegre

Embora Novo Hamburgo seja aquele tipo de cidade que deveríamos nos manter longe - suja, violenta, feia, infestada de novos-pobres do setor calçadistas que continuam a manter a pose e a arrogância -, ainda é próxima o suficiente de Porto Alegre para aproveitarmos algumas das opções de cultura e lazer que rolam por lá.
Nossa capital, diga-se, embora passe longe de uma São Paulo, é bastante estruturada nesse quesito. Prova disso é a exposição "Riso e Melancolia" que começa hoje - e segue até 26 de julho - na Usina do Gasômetro e engloba mostra de filmes e exposições fotográficas.
Entre as produções cinematográficas estão obras pouco conhecidas de Woody Allen, Frederico Fellini, Michel Gondry e Pedro Almodóvar que tratam destes dois sentimentos - às vezes antagônicos, outras extremamente próximos. As exibições acontecem até 5 de julho, na Sala P.F. Gastal, no 3º andar. Para os que curtem arte fora dos padrões, será apresentado o longuíssimo Melancolia, produção tailandesa com oito horas de duração.
A exposição fotográfica vai até 26 de julho e acontece na Galeria Lunara, na Galeria Iberê Camargo e na Sala P. F. Gastal. Entre os artistas - que possuem trabalhos que passam da fotografia convencional até técnicas que aliam o conceito fotográfico e a produção audiovisual - estão Yves Klein, Paul McCarthy e William Wegman.
As informações completas referentes a mostra de filmes - que inclui sinopse dos filmes e a programação com datas e horários - estão no blog da Sala P. F. Gastal. Já a lista completa dos artistas que participam da exposição fotográfica bem como um resumo dos trabalhos realizado por cada um deles podem ser acessadas no blog da Galeria Lunara.
Já programei meu roteiro para as próximas semanas. Depois não vale chorar e dizer que Porto é uma merda, onde não acontece nada!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cansaço

Um pouco cansado das coisas que me cercam.

Acho que uma boa idéia é fazer uma viagem nas férias de julho.

Poucos dias, por causa do trabalho.

Mas o suficiente para esquecer o dia-a-dia por aqui.

Hora de amadurecer a idéia!

domingo, 21 de junho de 2009

"a nossa música nunca mais tocou"

Nenhuma frase poderia soar mais exata, ultimamente. Nem o rádio nem o mp3 nem o computador nem os cds tocaram nossa música. Desde aquele dia. Por esses capricho do destino, nem ao menos o Youtube a localizou.

Parece que ela deixou de existir. Assim como nós. Desapareceu. Como se fosse algo tão delicado que, a um simples deslize, pudesse se desintegrar sem deixar vestígios.

Mas, mesmo sem música, mesmo sem toque e sorrisos, continuas e continuarás sempre em mim. E eu em ti. Isso nada nem ninguém poderá nos tirar.


Como não achei nossa música, Cazuza e Simone fazem lembrar um pouco nossa história, também.