sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Política

Ontem, conversava com um amigo via twitter - se é que é possível conversar em 140 caracteres - sobre a crise institucional no governo Yeda. Estávamos em lados diferentes. Ele, bradava aos quatro ventos a injustiça daquele episódio, afirmando confiança na idoneidade da governadora e argumentando que ela havia provado que não existiram os desvios do Detran e que a sua tão famosa casa fora comprada de forma lícita.

Eu, alegando que ela não havia provado nada, mas que agora teria a oportunidade de fazê-lo. Tentei minimizar ao mínimo o papo, primeiro, devido ao pouco espaço que o twitter nos reserva, depois porque já perdi amigos conversando sobre política, futebol, música ou religião (e por diversas outras razões, também. hehehe).

A conversa descambou para acusações que incluiam como o ministro da Justiça utilizou-se da Polícia Federal num jogo político com a única intenção de denegrir a imagem da governadora. Também sobrou espaço para comparações entre PT e PSDB e para a figura INATINGÍVEL do nosso coronel Sarney.

Em resposta, preferi apenas alertá-lo que comparações deste porte costumam levar a lugar algum. Que não devemos justificar o abrandamento de um crime (no caso, as acusações de desvio de mais de R$ 44 milhões por meio de operações irregulares do Detran, além da formação de Caixa 2 durante a campanha eleitoral) comparando-o a um BANDIDO QUE NÃO FOI CONDENADO (acho desnecessário gastar linhas e mais linhas listando todos os esquemas, maracutaias e falcatruas que o presidente do NOSSO Senado está envolvido, não é?).

Evitar acusações foi uma escolha que me fez lembrar alguns dos acontecimentos de oito ou nove anos atrás, quando ingressei no curso de Jornalismo.

Era um apaixonado por tudo aquilo. No dia em que consegui um estágio em um pequeno jornal do interior, transbordava de empolgação. Um mundo novo parecia se abrir diante de mim. Claro, com o tempo fui ver que tudo aquilo era ilusão de adolescente esquerdista. Mas uma coisa me marcou muito, muito fundo.

Não, não foi o primeiro acidente que eu tive que cobrir, quando vi corpos despedaçados e veículos amassados como se fossem de papel. Também não foi quando precisava fazer retratos de ladrões e assassinos e pensava se um dia algum deles me encontraria na rua e decidiria que tinha contas a acertar comigo. Menos ainda, no dia na minha primeira boca livre.


Nunca vou esquecer do dia em que meu chefe chegou para mim e disse: "Fagner, nossa cobertura de política tá uma merda. Preciso de alguém o tempo todo atrás de notícias. Sei que tu é bom e quero que passe o dia inteiro atrás dessa gente". Aquele elogio foi tão verdadeiro quanto uma esmeralda amarela, mas, mesmo assim, era, de alguma maneira, uma forma de demonstrar confiança. Mas também não foi isto que me marcou.

Foi minha entrada na editoria da política que vai ficar para sempre na minha memória. Mesmo em uma cidade minúscula, a a política é envolvente, instigante. Como uma mulher muito bonita, que nos deixa embasbacado e sem saber como agir. E, por isso mesmo, deve-se ter MUITO CUIDADO com ela. Aprendi, ali, a ter os dois pés atrás, a não me envolver demais, a ter muit cautela porque aquela beleza, aquela sensualidade, não passa de uma imensa armadilha pronta para te pegar no primeiro deslize. Esses poucos meses que passei fazendo jornalismo político (depois troquei tudo pela burocracia de meu emprego atual) serviram como experiência de crescimento.

Hoje, penso muito bem antes de atacar, quando o assunto é política. Mas, PRINCIPALMENTE, não coloco minha mão no fogo por NINGUÉM nessa área.

Então, tudo o que quero é que a história da Yeda seja resolvida e, se for o caso, ela seja exemplarmente punida. Mas, por enquanto, prefiro apenas acompanhar os fatos e ir assimilando o que é jogo do que é real - embora muitas vezes as duas coisas se confundam e pareçam ser uma só.

Claro, tenho MINHAS conclusões momentâneas. Mas, por enquanto, elas ficam guardadas.

P.s.: Sim, eu confesso que estou - pelo menos publicamente - em cima do muro. Talvez seja até mesmo meio INOCENTE. Mas de brados e acusações o Estado e o país estão cheios. Prefiro aguardar, neste caso.

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