Na terça-feira foi possível - mais uma vez - ter a dimensão da destruição que a natureza pode causar. Pode-se justificar o fato da forma que quisermos: ira divina, revolta da natureza, uma tremenda má ventura, não importa. Fato é que, desde a última terça-feira, o Haiti deixou de existir. Pelo menos como o conhecíamos até 12 de janeiro de 2010.
O fim de uma nação sempre é sofrível. Mas, em alguns casos, é, acima de tudo, uma oportunidade para recomeçar. O país centro americano era um dos mais pobres do mundo e, durante sua história, a população local padeceu de todas as mazelas imagináveis, desde a intervenção externa em inúmeras oportunidades até as catástrofes naturais. Os terremotos que assolaram o país foram o desfecho final de algo que já se previa: o fim de uma era, pelo menos para aquela pequena porção de terra no caribe. Há chegado o momento de começar algo novo. Ajuda é o que não falta. A comunidade internacional está, mais uma vez, travestida em seu bom mocismo de ocasião. Celebridades, governos, mercado financeiro, empresas de todos os portes e até pessoas físicas estão prontas para contribuir com este novo início.
Não entrarei nos méritos, afinal, o povo haitiano realmente necessita de todo apoio. Pouco me importa se o Brasil encabeçará a reforma do Haiti para aumentar as chances de obter um assento no Conselho de Segurança da ONU; nem que os bancos liberarão um pouco do capital flutuante (um dinheiro que, na verdade, não existe) para melhorar a credibilidade perdida com a crise mundial. Ou se alguma estrela destinará parte de sua fortuna para que as capas de jornais destaquem seu altruísmo. Essas atitudes são imorais, porém fazem parte do jogo, principalmente quando no meio do tabuleiro há uma tragédia deste porte. Infelizmente as capas de jornais são a principal vitrine - e o principal termômetro - da nossa sociedade.
Mas, mais do que isso, é o momento de revermos nosso papel no mundo. É hora de mudarmos nossas atitudes para com o meio ambiente e, principalmente, para com as pessoas no dia a dia. De entendermos que pequenos atos (como separar o lixo, trocar o carro pelo transporte público ou pela bicicleta, não jogar lixo no chão, evitar o consumo de plástico, tornar rotina o uso de expressões como "obrigado", "por favor", com licença, isso para citar apenas as situações mais simples) podem contribuir para evitar que episódios como este aconteçam. É tempo de tornarmos nossa cidade (e, por consequência, nosso Estado, País e por aí vai) mais habitável.
O papo pode parecer riponga e recheado de hipocrisia puritana, mas não é. Também não tem nada a ver com o ambientalismo de vitrine que discute balelas como o aquecimento global, tão distante nos afetar. Mas se há uma coisa que eu acredito, é que a natureza reflete exatamente o que fazemos com ela. E, antes que consigamos destruí-la, ela fará isso conosco, com certeza. Então é a hora. Ou recomeçamos - junto com o Haiti - ou começamos a nos preparar para o fim do mundo. Ou, pelo menos, como já cantou Michael Stipe, para o fim do mundo como o conhecemos. E que todos se sintam bem!
R.E.M - It's the end of the world as we know it (and I feel fine)
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