segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Ouça 'Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage: 1982–2011'
Setlist
Disco 1
“Gardening at Night” – 3:29 (Chronic Town, 1982)
“Radio Free Europe” – 4:06 (Murmur, 1983)
“Talk About the Passion” – 3:23 (Murmur)
“Sitting Still” – 3:17 (Murmur)
“So. Central Rain (I’m Sorry)” – 3:15 (Reckoning, 1984)
“(Don’t Go Back To) Rockville” (Edit) – 3:55 Reckoning)
“Driver 8″ – 3:23 (Fables of the Reconstruction, 1985)
“Life and How to Live It” – 4:06 (Fables of the Reconstruction)
“Begin the Begin” – 3:28 (Lifes Rich Pageant, 1986)
“Fall on Me” – 2:50 (Lifes Rich Pageant)
“Finest Worksong” – 3:48 (Document, 1987)
“It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)” – 4:05 (Document)
“The One I Love” – 3:17 (Document)
“Stand” – 3:10 (Green, 1988)“Pop Song 89″ – 3:04 (Green)
“Get Up” – 2:39 (Green)
“Orange Crush” – 3:51 (Green)
“Losing My Religion” – 4:26 (Out of Time, 1991)
“Country Feedback” – 4:07 (Out of Time)“Shiny Happy People” – 3:44 (Out of Time)
Disco 2
“The Sidewinder Sleeps Tonite” – 4:06 (Automatic for the People, 1992)
“Everybody Hurts” – 5:17 (Automatic for the People)
“Man on the Moon” – 5:13 (Automatic for the People)
“Nightswimming” – 4:16 (Automatic for the People)
“What’s the Frequency, Kenneth?” – 4:00 (Monster, 1994)
“New Test Leper” – 5:26 (New Adventures in Hi-Fi, 1996)
“Electrolite” – 4:05 (New Adventures in Hi-Fi)
“At My Most Beautiful” (Buck, Mills, Stipe) – 3:35 (Up, 1998)
“The Great Beyond” (Buck, Mills, Stipe) – 5:06 (Man on the Moon, 1999)
“Imitation of Life” (Buck, Mills, Stipe) – 3:57 (Reveal, 2001)
“Bad Day” – 4:05 (In Time: The Best of R.E.M. 1988–2003, 2003)
“Leaving New York” (Buck, Mills, Stipe) – 4:49 (Around the Sun, 2004)
“Living Well Is the Best Revenge” (Buck, Mills, Stipe) – 3:11 (Accelerate, 2008)
“Supernatural Superserious” (Buck, Mills, Stipe) – 3:23 (Accelerate)
“Überlin” (Buck, Mills, Stipe) – 4:15 (Collapse into Now, 2011)
“Oh My Heart” (Buck, Mills, Stipe, Scott McCaughey) – 3:21 (Collapse into Now)
“Alligator_Aviator_Autopilot_Antimatter” (Buck, Mills, Stipe) – 2:45 (Collapse into Now)
“A Month of Saturdays” (Buck, Mills, Stipe)
“We All Go Back to Where We Belong” (Buck, Mills, Stipe) – 3:36
“Hallelujah” (Buck, Mills, Stipe)
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Qual é o seu preconceito?
Meu país é um lugar fascinante por inúmeros motivos - tantos que fariam Freud ou qualquer outro estudioso da psicologia humana sentir-se perdido. Um dos que mais me intriga é nossa hipocrisia. Sim, ela existe em todos os lugares do mundo, mas pela minha pequena experiência, parece enraizadada na cultura nacional. Vivemos no país mais aberto e menos preconceituoso do mundo. Mas cheio de hipócritas.
Não sei explicar a origem para a falta de personalidade dos brasileiros em admitir suas falhas, seus pontos fracos e, principalmente, seus preconceitos. Nas palavras, todo mundo se ama e vive em harmonia. Na hora de agir, a coisa é beeem diferente. Quem nunca viu um negro maltrapilho e, ao menos cogitou atravessar a rua? Quem não tem medo de ter um filho homossexual? Quem aceita e respeita a (não) religiosidade do próximo? Quantos pais tem coragem de dar camisinhas para os adolescentes? E quantos filhos conversam com seus progenitores sobre suas dúvidas e atividades sexuais?
São julgamentos sem embasamentos (ou com embasamentos insuficientes) que nos fazem temer o que não deve ser temido. Mas também é um problema de vivência empírica complexa. Nossos negros são descendentes de escravos e, muitos deles viveram a margem da sociedade por séculos. E ainda vivem! Os gays e as lésbicas levam consigo a o estereótipo da promiscuidade, da disseminação de DSTs. As mulheres que combatiam a submissão eram tachadas de pérfidas, para não dizermos que, em alguns momentos, eram consideradas prostitutas. Tudo isso se entranhou na cultura brasileira. E a forma mais fácil de mudar isso é dar a cara a tapa e dizer "sim, eu tenho preconceito". E, é claro, transformar-se.
É um trabalho a ser feito a duras penas. Todos os dias quando acordo, peço serenidade e sapiência para compreender o próximo. Para entender o que se passa com os que estão na minha volta. Para ter a empatia necessária para me colocar no lugar daqueles que são alvo da discriminação. Vou ter um filho. E um dia ele pode chegar para mim e dizer "Pai, eu ........". Complete os pontilhados com aquilo que você, internamente, mais teme por conta do preconceito. E eu preciso estar minimamente preparado para apoiá-lo e ser feliz com esse fato. Compreensão é uma das palavras chaves para a paz e o entendimento. Preconceito é o que promove a discórdia e gera os conflitos.
Então pense: Qual é o seu preconceito? De pois debata sobre! E mude, se transforme!
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
AHK-toong BAY-bi Covered
Meu primeiro contato oficial com o quarteto de Dublin foi pela rádio, nas versões ao vivo de Sunday Bloody Sunday e New Year's Day, que se tornaram os primeiros hinos da banda (muito por culpa do antológico show que deu origem ao U2 Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky, gravado no Anfiteatro Red Rocks, no Colorado). Até aí, era um fã ocasional, que conhecia músicas que estavam em evidência de uma banda pouco importante para mim. Meu primeiro contato mais profundo rolou no apartamento de um ex-namorado da minha mãe, quando eu tinha 14 ou 15 anos. Ele tinha uma coleção de CDs meia-boca, desses que fazem parte do acervo da Antena 1, por exemplo. Num canto, atirado, estava um disco em uma caixa quebrada, sem encarte. A mídia tinha uns desenhos estranhos, algumas palavras (uma delas era algo como cool, mas com a duplicaçãod a letra "c") e o rosto de um bebê (babyface, malandro). Peguei aquilo sem muita esperança e coloquei para rodar no aparelho. Imaginava que nem iria tocar, de tão riscado que estava.
Foi quando ouvi os primeiros acordes do The Edge misturados com sons eletrônicos (que na época eu, mero rapaz do interior, não tinha a mínima ideia de que eram artificiais). Minto, eu ouvi acordes de guitarrra de um tocador que era uma incógnita até o momento. Em seguida outro maluco começa a cantar que está pronto para o gás do riso. Tudo aquilo era bizarro - como já dizia uma amiga minha "bizarro é bom" - e eu estava meio perdido. Pedi aquele disco emprestado ao meu padrasto que me deu com um alerta que nunca esqueci: "Esses caras são o U2. O som deles é muito pesado pra ti, acho que tu não vais gostar".
Levei para Caxias, onde morava na época, e coloquei no meu player. Foram meses e meses ouvindo aquele disco initerruptamente. E foi ali que eu comecei realmente a me interessar por rock. E durante anos The Edge, Bono, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton foram meus astros favoritos no mundo da música. Lembro, inclusive, que gravei a íntegra (sem comerciais, é claro), da apresentação que eles fizeram no Brasil em 1998 - com 15 anos -, depois de quebrar um pau com minha mãe por ela não me deixar ir até São Paulo assistir. Ainda guardo as revistas que comprei. E os discos ficarão para eu mostrar para o meu filho Joaquim, quando ele estiver crescidinho.
Muita coisa mudou de lá para cá. Conheci um monte de grupos diferentes, e hoje os irlandeses soam como aqueles amigos de infância que, com o passar do tempo, mudam tanto que não se identificam mais conosco. De qualquer forma, como os velhos parceiros, os U2 sempre serão lembrados com carinho e admiração (a ponto de eu ter gasto quase R$ 1.000 para, agora, com 28 anos, fazer a tal viagem à capital paulista). E foi com muita curiosidade que baixei o AHK-toong BAY-bi Covered, álbum tributo ao Achtung Baby, produzido pela Q Magazine, que reuniu fodas da música, como NIN, Patti Smith, Depeche Mode, The Killers, Jack White e uma galera. Sou uma pessoa relativamente aberta quando o assunto é música e, para mim, vale a escutada, pelo menos para sentir a temperatura. O caminho das pedras é aqui.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
We All Go Back To Where We Belong
quinta-feira, 17 de março de 2011
Entrando na polêmica do "blog" da Bethânia
A polêmica começou com a Mônica Bergamo, em seu blog na Folha de São Paulo. Chegada em uma história que rende boas fofocas, a jornalista minimizou o projeto de Bethânia, chamando-o, simplesmente de blog. Criou-se aí um frenesi a respeito do 'blog mais caro da história', que será 'patrocinado por dinheiro público'. Como meto a colher, me dou o direito de colocar minha humilde opinião nessa roda.
O projeto "blog"
Talvez o grande erro de toda esta história foi como o projeto foi divulgado. Ao denominar o trabalho a ser realizado de 'blog', houve uma minimização da real dimensão do que será realizado. A começar é um projeto de audiovisual. Como o nome já diz, audiovisual engloba sons e imagens. Para se realizar um trabalho descende neste ramo, são necessários equipamentos de qualidade, que não são baratos. Como é inviável criar uma produtora, mesmo com R$ 1,3 milhões de reais, é necessário a contratação de uma empresa do ramo. E, é claro, elas não são altruístas ou filantrópicas. Para exemplificar, o o custo de produção para a criação de um vídeo institucional de 5 minutos para a empresa onde trabalho (de médio porte) foi orçado em R$ 25.000,00.
Tirando-se isso, há custos operacionais (telefone, provedor, hospedagem, etc.) e da equipe de realização do projeto: roteirista, diretor, coordenador de produção, assessoria de comunicação. Não entrarei nem no mérito dos direitos autorais. Afinal os detentores destes direitos costumam solicitar remuneração para ceder o conteúdo.
A estética de Bethânia
Embora eu não seja fãzaço, sei da história, da importância e do potencial de Maria Bethânia. Não é a toa que ela é considerada uma das maiores intérpretes nacionais vivas. O fato de eu gostar ou não, é o meu gosto e diz respeito, adivinhem? À minha pessoa (tãdã). No mais, tenho até um apreço pela excelência que ela dá às suas interpretações. E se eu apenas um Zé Ninguém metendo o bedelho nessa história, deixo aqui uma palavrinha do Jorge Furtado, que tem um 'pequeno' know how quando o assunto é audiovisual.
De outra parte, é louvável a intenção dela de divulgar poesia pela internet. Se fosse eu - um quase fanho - ou algum gago qualquer, soaria ridículo. Agora alguém que tem história é outro papo. No mais, poesia deve ser repassada ao maior número de pessoas possíveis, visto que toda a arte é feita para o público. Essa história de que arte é uma manifestação destinada APENAS à satisfação pessoal é uma das maiores balelas que eu já tive a oportunidade de escutar - e escutei inúmeras vezes. Senão, livros não deveriam ser lidos, filmes engavetados antes de serem exibidos e músicas nem deveriam ser gravadas ou executadas. Se o artista propõe uma interpretação (seja ele autor ou simplesmente reprodutor), a assimilação é de quem recebe a mensagem. Isso é básico em qualquer área: interpretações são subjetivas e baseadas nas experiências pessoas e de contexto.
Uma lei a ser revisada
É fato que as leis de incentivo à cultura devem ser revistas e alteradas. Isso inclui, obviamente, a Lei Rouanet. O grande furo desas legislações, me parece, entra no momento da captação da verba. Milhares de projetos são aprovados pelo Ministério da Cultura todos os anos. Poucos, no entanto, conseguem arrecadar o que foi autorizado. Imaginem que o Fagner aqui decide criar um projeto audiovisual que custará em torno de R$ 1 milhão. O projeto é aprovado, como o da Bethânia. Só que o Fagner é o mosquito do cocô do cavalo do bandido e a Bethânia uma das artistas de maior visibilidade no Brasil. Os dois no páreo, é hora de bater perna e portas para conseguir grana na iniciativa privada. Qual dos dois projetos dará mais visibilidade aos financiadores? Quem vai preferir dar essa grana para mim em detrimento da cantora? Acho que as respostas são simples, não?
Por outro lado, existe o desconhecimento de muitos sobre a forma como a lei funciona. As empresas e, importante ressaltar, as pessoas físicas também, podem destinar parte do imposto de renda devido à projetos culturais, sociais ou esportivos. Isto quer dizer que, ao invés de o financiador pagar o fisco, ele destinará o dinheiro diretamente para o projeto de sua preferência. O mais interessante disto tudo é que as pessoas gostam tanto de falar que o imposto é dinheiro delas, afinal, foram elas que arcaram com os valores. Porque, então, os impostos pagos pelas empresas são considerados do governo? É interessante pensar se não há uma incoerência neste tipo de visão.
Aos que ainda têm dúvidas sobre o projeto, e quer comprovar na ponta do lápis se ele é superfaturado ou não (coisa que eu não fiz), ele está disponível aqui.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Parabéns, Kurt - ou - Como descobri que sou rebelde
Como a grande maioria dos não religiosos, fui crismado. Afinal, aos 14 anos, quase ninguém sabe muito bem o que quer da vida e acaba cedendo a algumas pressões familiares. O fato de ser untado a óleo não me traz prazer nem desgosto, mas me remete ao meu padrinho de crisma. Ele era namorado da minha mãe, na época. E, por mais que, até hoje, ela insista que eu não gostava dele, guardo muito carinho.
Lembro que, na falta de um pai, ele foi o primeiro cara para quem eu mostrei meu pau e perguntei se aquela 'pelezinha' envolta da 'cabeça' era normal. Também foi dele que ganhei minha primeira camisinha. Mas, enfim, isso é papo pra outro dia.
Outra coisa que recordo, foi que ele, durante anos, bancava minhas edições da revista Showbizz (que antes era só Bizz, depois terminou e agora tem o nome original, novamente). Foi lá que eu comecei a me interessar mais profundamente por música. Acho que tinha uns 11 ou 12 anos. Todo o santo mês ele me dava R$ 5 e eu ia até a banca de revistas saciar meus desejos.
Foi pela Showbizz e pela MTV - que surgia no Brasil -, que eu formei boa parte do meu gosto musical e, porque não dizer, da minha maneira de pensar e encarar o mundo. Tudo isso alicerçado pelo meu padrinho, claro.
Um dia, ele chegou pra mim e falou sobre um tal de Nirvana. Ele brincava, chamando de "Iguana". Disse que talvez seria um pouco pesado pra mim. Fiquei curioso, é claro. Lembro que era "Iguana" pra cá e pra lá. Eu precisava saber o que era esse tal de Nirvana.
Foi num Top 10, programa da MTV, apresentado pela Sabrina Parlattori, na época, que ouvi, pela primeira vez, Smells Like a Teen Spirit. Aquilo era, tipo, uma coisa absurda, pra mim. Um loirinho franzino com uma voz de nada, tocando o terror junto de um monstro russo e um cabeludo. Na época eu começava a escutar U2, Led Zeppelin e Queen. E, mesmo não conseguindo superar Bono e turminha, o loirinho estava em outro patamar. Ele tinha uma coisa estranha. Uma forma de encarar as câmeras que, na época, eu sentia mas não sabia explicar.
Um dia ganhei R$ 10. Meu padrinho disse que poderia ficar com o troco. Comprei minha edição da revista e um CD pirata: From the Muddy Banks of the Wishkah. Aquele som era bizarro. Eu ainda não conhecia punk rock, além dos Ramones e, não percebi o que era no momento.
Hoje percebo a raiva da vida, transmitida em forma de deboche, que Kurt Cobain tinha. Um certo nojo de tudo aquilo que ele via, ouvia e sentia. Tudo aquilo transformado em música e rebeldia. Em acordes distorcidos, letras agressivas e muitos berros e afrontas.
Essa postura não salva alguém tão perdido quanto ele. Depois, quando escutei Nevermind, Bleach e In Utero (sim, nesta ordem), me dei conta de que eu sentia por ele aquele sentimento que eu sempre digo que é impossível renegar. A IDENTIFICAÇÃO. Eu estava ali, nos lamentos, nas distorções. Nos excessos e naquela sensação de estar preso a algo que não é nosso.
Era um adolescente na época e, como já disse, não percebi isso conscientemente. Mas hoje eu sei. Kurt me ensinou, mais que qualquer outro maluco e ídolo, que algumas pessoas nascem para extrapolar e que tentar fugir disso é tão eficaz quanto tentar derrubar um prédio com atirando bolinhas de massa de modelar.
Hoje ele completaria 44 anos. Mas nos deixou cedo demais. Esse era o destino dele. Além de 'ensinar' a multidões que existem coisas das quais não podemos fugir. Para o bem e para o mal, Kurt Cobain, foi um dos caras que contribuíram para a formação do que eu sou hoje. Me ensinou, principalmente, que mesmo vivendo no limite, é preciso ter cuidado, para poder atingir uma plenitude que ele, infelizmente, não conseguiu.
Spank Thru - live @ Tijuana, Mexico
Polly (From the Muddy Banks of the Wishkah)
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Apenas o Fim
Ler estas primeiras linhas leva qualquer um a pensar “puta que o pariu, que porra de mesmice”. Eu mesmo, quando recebi a indicação de uma amiga, tive essa impressão. Mas Apenas o Fim é uma pequena e simples obra-prima, feita especialmente para aqueles que nasceram nas décadas de 1980 e 1990. Quando Adriana chega e descarrega a declaração bombástica – eles tem uma hora para se despedir –, se inicia uma viagem pela cultura pop dos últimos 30 anos que, talvez, nenhum filme tenha explorado tanto. Veja bem. Não estou afirmando que seja melhor que outros. A produção é simples e descompromissada e a atuação do casal não é exatamente primorosa. Mas a forma como a história é conduzida é de fazer com que o jovem adulto com a infância mais traumática sinta nostalgia e relembre como podem ter sido bons aqueles tempos.
Antônio é um nerd típico: óculos de armação grossa (herdado do avô, no caso), camisa polo ou camisetas relacionadas a filmes e músicas (como sua tão mal falada camiseta do Star Wars), calça jeans e All Stars verdes. Adriana é uma neo-hippie, com óculos escuros estilosos, vestidinhos floridos, cabelos compridos e ondulados, rosto perfeitinho e All Stars vermelhos. Ah, na obra, eles são estudantes de cinema. Enfim, o casal é o hype do hype do hype do século XXI. E é por aí que toda a trama faz sentido.
Durante o tempo em que se despedem e, também, nos flashbacks, eles travam discussões triviais sobre, por exemplo, qual a boyband favorita de Antônio ou, declarações como o fato de Ele gostar do jeito que ela toca flauta com o nariz. Para Ele, Ela é o Dick Vigarista da Corrida Maluca. Já Ela odeia a infantilidade dele, por conta de um boneco do He-Man. Que, Antônio explica, é o Fanático, não o He-Man. Existe, claro, todo o romantismo brega-chique, que só aqueles aqueles que hoje possuem entre 20 e 30 anos entendem (embora se envergonhem). Comparações sobre o amor ser relacionado à pizza ou McDonalds estão no centro de bate-papos primorosos de Apenas o Fim. Ou a discussão sobre o quão clichê é falar de amor:
Ele: Você ainda me ama?
Ela: Ai, falar de amor é muito clichê.
Ele: Eu não acho. Acho que falar sobre falar que amor é clichê que é muito clichê.
Para ser sincero, qualquer ícone pop dos últimos anos está presente: Pokémon? Bingo. Cavaleiros do Zodíaco? O Shiryu é o favorito de Antônio. Tiração de sarro com o Niemeyer? Os morros do Rio foram o projeto de formatura dele, em 1522. Michael Jackson? Não preciso dizer. Ursinhos Carinhosos? Óbvio. Pense em qualquer coisa. Se não houver nenhum comentário a respeito do tema na história, comece a se questionar se você realmente viveu no planeta Terra a partir de 1980. Imagine a mesma coisa, caso você não conheça algum dos assuntos debatidos enfáticamente entre Antônio e Adriana.
Apesar de toda minha empolgação, Apenas o Fim é um filme para ser visto sem grandes pretensões, para ser curtido relembrando um passado que, como qualquer outro, não volta mais. E é justamente esta a moral. Acho até que uma das afirmações que Ele faz sobre Ela resume a película: “você é uma farsa, sabia? Uma bem bonitinha, mas uma farsa”.
Enfim, Matheus Souza e equipe criaram uma fraudezinha que encantará toda uma geração por uma qualidade que é impossível se desvencilhar: a identificação. Então assista e identifique-se. É só o que há para dizer.