Uma penca de discos de rock compostos por bandas relevantes completam 20 anos em 2011. Desde os ovacionados Nevermind e Screamadelia até a mal falada obra-prima do Guns 'n Roses, Use Your Illusion I e II (o Matias publicou, inclusive, uma lista de discos que festejam duas décadas de aniversário). Tem muita coisa beeeem legal, mas para mim, nenhum se compara em importância como o sétimo disco do U2, Achtung Baby.
Meu primeiro contato oficial com o quarteto de Dublin foi pela rádio, nas versões ao vivo de Sunday Bloody Sunday e New Year's Day, que se tornaram os primeiros hinos da banda (muito por culpa do antológico show que deu origem ao U2 Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky, gravado no Anfiteatro Red Rocks, no Colorado). Até aí, era um fã ocasional, que conhecia músicas que estavam em evidência de uma banda pouco importante para mim. Meu primeiro contato mais profundo rolou no apartamento de um ex-namorado da minha mãe, quando eu tinha 14 ou 15 anos. Ele tinha uma coleção de CDs meia-boca, desses que fazem parte do acervo da Antena 1, por exemplo. Num canto, atirado, estava um disco em uma caixa quebrada, sem encarte. A mídia tinha uns desenhos estranhos, algumas palavras (uma delas era algo como cool, mas com a duplicaçãod a letra "c") e o rosto de um bebê (babyface, malandro). Peguei aquilo sem muita esperança e coloquei para rodar no aparelho. Imaginava que nem iria tocar, de tão riscado que estava.
Foi quando ouvi os primeiros acordes do The Edge misturados com sons eletrônicos (que na época eu, mero rapaz do interior, não tinha a mínima ideia de que eram artificiais). Minto, eu ouvi acordes de guitarrra de um tocador que era uma incógnita até o momento. Em seguida outro maluco começa a cantar que está pronto para o gás do riso. Tudo aquilo era bizarro - como já dizia uma amiga minha "bizarro é bom" - e eu estava meio perdido. Pedi aquele disco emprestado ao meu padrasto que me deu com um alerta que nunca esqueci: "Esses caras são o U2. O som deles é muito pesado pra ti, acho que tu não vais gostar".
Levei para Caxias, onde morava na época, e coloquei no meu player. Foram meses e meses ouvindo aquele disco initerruptamente. E foi ali que eu comecei realmente a me interessar por rock. E durante anos The Edge, Bono, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton foram meus astros favoritos no mundo da música. Lembro, inclusive, que gravei a íntegra (sem comerciais, é claro), da apresentação que eles fizeram no Brasil em 1998 - com 15 anos -, depois de quebrar um pau com minha mãe por ela não me deixar ir até São Paulo assistir. Ainda guardo as revistas que comprei. E os discos ficarão para eu mostrar para o meu filho Joaquim, quando ele estiver crescidinho.
Muita coisa mudou de lá para cá. Conheci um monte de grupos diferentes, e hoje os irlandeses soam como aqueles amigos de infância que, com o passar do tempo, mudam tanto que não se identificam mais conosco. De qualquer forma, como os velhos parceiros, os U2 sempre serão lembrados com carinho e admiração (a ponto de eu ter gasto quase R$ 1.000 para, agora, com 28 anos, fazer a tal viagem à capital paulista). E foi com muita curiosidade que baixei o AHK-toong BAY-bi Covered, álbum tributo ao Achtung Baby, produzido pela Q Magazine, que reuniu fodas da música, como NIN, Patti Smith, Depeche Mode, The Killers, Jack White e uma galera. Sou uma pessoa relativamente aberta quando o assunto é música e, para mim, vale a escutada, pelo menos para sentir a temperatura. O caminho das pedras é aqui.
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