sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Qual é o seu preconceito?

O Brasil é um país pitoresco. Essa palavra engraçada tem um significado engraçado, também. Assim como "menstruada" é a palavra que representa a infância de um amigo, "pitoresco" remete à minha. Mas chega de papo furado.
Meu país é um lugar fascinante por inúmeros motivos - tantos que fariam Freud ou qualquer outro estudioso da psicologia humana sentir-se perdido. Um dos que mais me intriga é nossa hipocrisia. Sim, ela existe em todos os lugares do mundo, mas pela minha pequena experiência, parece enraizadada na cultura nacional. Vivemos no país mais aberto e menos preconceituoso do mundo. Mas cheio de hipócritas.
Não sei explicar a origem para a falta de personalidade dos brasileiros em admitir suas falhas, seus pontos fracos e, principalmente, seus preconceitos. Nas palavras, todo mundo se ama e vive em harmonia. Na hora de agir, a coisa é beeem diferente. Quem nunca viu um negro maltrapilho e, ao menos cogitou atravessar a rua? Quem não tem medo de ter um filho homossexual? Quem aceita e respeita a (não) religiosidade do próximo? Quantos pais tem coragem de dar camisinhas para os adolescentes? E quantos filhos conversam com seus progenitores sobre suas dúvidas e atividades sexuais?
São julgamentos sem embasamentos (ou com embasamentos insuficientes) que nos fazem temer o que não deve ser temido. Mas também é um problema de vivência empírica complexa. Nossos negros são descendentes de escravos e, muitos deles viveram a margem da sociedade por séculos. E ainda vivem! Os gays e as lésbicas levam consigo a o estereótipo da promiscuidade, da disseminação de DSTs. As mulheres que combatiam a submissão eram tachadas de pérfidas, para não dizermos que, em alguns momentos, eram consideradas prostitutas. Tudo isso se entranhou na cultura brasileira. E a forma mais fácil de mudar isso é dar a cara a tapa e dizer "sim, eu tenho preconceito". E, é claro, transformar-se.
É um trabalho a ser feito a duras penas. Todos os dias quando acordo, peço serenidade e sapiência para compreender o próximo. Para entender o que se passa com os que estão na minha volta. Para ter a empatia necessária para me colocar no lugar daqueles que são alvo da discriminação. Vou ter um filho. E um dia ele pode chegar para mim e dizer "Pai, eu ........". Complete os pontilhados com aquilo que você, internamente, mais teme por conta do preconceito. E eu preciso estar minimamente preparado para apoiá-lo e ser feliz com esse fato. Compreensão é uma das palavras chaves para a paz e o entendimento. Preconceito é o que promove a discórdia e gera os conflitos.
Então pense: Qual é o seu preconceito? De pois debata sobre! E mude, se transforme!

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